Sabemos como em Portugal falta capacidade de planeamento e de estratégia.
Talvez o nosso último grande exemplo histórico tenha sido o do Marquês de Pombal!
Mas para além deste facto há outro que nos deve aterrorizar como Povo…
A pequenez dos nossos estadistas e a pouca capacidade e competência, gradualmente piores, para o exercício dos cargos para os quais são nomeados e a ausência de respeito pelos Portugueses e a sua inteligência.
O apego à Democracia esvanece-se em palavras ocas, a ideia de Liberdade perde-se nos entremeios do Poder e a promessa de futuro equivale a total e impune indiferença no presente!
É por estes pressupostos que, aos Médicos, cabe a defesa reforçada dos direitos dos cidadãos e o combate pelo exercício de dignidade, independência e humanismo da profissão médica.
Esta afirmação adquire ainda maior indignação quando em tempos de vergonhosos e sucessivos escândalos, amenizados mas não inocentados pela visita e estadia do Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude, se percebe o ataque sem precedentes às competências legais das Ordens Profissionais e à dos Médicos em particular.
Alguém que completa o ensino universitário e sai com um “canudo” na mão não é, por exemplo, ainda nem médico, nem advogado ou menos ainda juiz!
É claro que o nível médio cultural da classe política nacional é muito limitado e nem precisamos de nos esforçar em comparações com décadas anteriores. O que se não funciona como desculpa, traduz a miséria geral.
Mas os argumentos e os princípios defendidos por essa gente para o funcionamento das Ordens visam, exclusivamente, a tentativa de as transformar em pântanos de interesses político-partidários e de ruína institucional.
É verdade e tenho textos escritos há mais de 15 ou 20 anos em que defendi o princípio da separação clara e do erro que, a prazo, seria a profissão médica estar arregimentada em Ordem e Sindicato(s). A proletarização nunca foi nem boa conselheira, nem aposta de sucesso.
E certo é igualmente que, em muitos casos a Ordem não terá sido clara no tratamento de casos que prejudicaram a imagem pública da atividade, nem capaz de falar aos Portugueses uma linguagem próxima e acessível, como o fez o Bastonário Gentil Martins!
Um País em que uma maioria governa à Esquerda prepara-se para dois golpes miseráveis.
Um primeiro, à vista, pela incapacidade permanente e continuada de defender, preservar e investir no Serviço Nacional de Saúde (SNS), apontando-lhe um caminho residual para os mais pobres e desprotegidos, em condições de prestação insuficiente.
O exemplo, o melhor e mais recente exemplo é o da contratação de cubanos, ditos médicos – mas apenas para os Cuidados Primários – sublinhando a noção de que os médicos de família é apenas um slogan esgotado e para cumprir um programa de segunda classe.
Nem discutirei as condições em que esses pobres “colegas” virão para o nosso País nem imagino, na totalidade, o gozo que isso dará ao regime “democrático” cubano que, tantos anos depois de exportar “contentores” de médicos desses para Angola, repete a graça no século XXI para Portugal, na Comunidade Europeia!!!
Porém, o que mais me espanta nem é esta desgraça.
A lógica da completa desregulação das Ordens e da dos Médicos em especial prende-se com a necessidade política e económica de degradar e limitar as grelhas salariais, promovendo a inundação da atividade por profissionais (como já aconteceu no passado com o Direito, a Enfermagem, a Psicologia ou as Ciências do Desporto), apostando igualmente e como se sabe na criação de mais escolas médicas em Portugal!
O que me pasma e surpreende é que seja o Governo e o SNS a implementar medidas políticas que, formalmente, parecem favorecer os grupos económicos mais consistentes na área da Saúde!
Mesmo que, para estes e até agora, a passagem e a contratação de profissionais tenha sido fácil, proveitosa e enriquecedora…
Mas a cegueira também consegue o prodígio de ter vistas curtas!
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