Em resposta escrita à agência Lusa, a diretora clínica da ULS da Guarda, Fátima Cabral, salienta que a posição dos médicos “poderá vir a comprometer o funcionamento pleno das Urgências”.
“A redução de médicos disponíveis para o Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica pode vir a comprometer a escala de serviço, nomeadamente nos períodos noturnos e fins de semana”, precisa a responsável.
A diretora clínica assegura que estão a ser feitos esforços para colmatar as falhas nas escalas, admitindo a possibilidade de recorrer a médicos em prestação de serviço.
“O Conselho de Administração, de acordo com a escala a ser apresentada pela direção dos serviços, envidará todos os esforços para colmatar as falhas que possam ocorrer, nomeadamente com recurso a médicos em prestação de serviços”, sublinha a médica.
Fátima Cabral confirma que já houve 15 médicos que entregaram minutas de indisponibilidade para trabalho extraordinário acima de 150 horas já realizadas.
A diretora do serviço de Urgência, Adelaide Campos, já tinha confirmado à Lusa que as escalas para o mês de outubro estavam incompletas pelo facto de um grupo de médicos se ter manifestado indisponível para fazer mais horas extraordinárias, tendo em conta que já tinham atingido o limite anual.
“Vai haver dias em que as equipas não se podem formar, porque não há número de especialistas suficientes para cada uma das equipas e, portanto, a Urgência pode ter que encerrar”, alertou a diretora do serviço de Urgência.
Adelaide Campos disse esperar que “o senhor ministro da Saúde e o CEO do SNS [Serviço Nacional de Saúde] percebam aquilo que se pode vir a passar nas próximas semanas”.
A diretora realça que o limite das horas extraordinárias já foi atingido há muito tempo e que “esta situação não se pode manter”.
“Não podemos ter um distrito de 160 mil habitantes sem hospital que receba doentes urgentes. Não é viável, não é possível”, alerta.
O presidente do Conselho sub-regional da Guarda, da Ordem dos Médicos, João Pedro Silva, manifesta-se solidário com os colegas.
Apesar de ser uma matéria de cariz sindical, salienta que “o problema se reflete na prestação dos cuidados de saúde”.
Na sua opinião, a situação “mostra a fragilidade do SNS e do hospital da Guarda que tem muitas especialidades com falta de médicos. Sem médicos não é possível manter os serviços abertos”.
João Pedro Silva realça que muitos dos médicos atingiram o limite de horas extra em fevereiro e março. “Tiram tempo do seu descanso, da sua vida familiar, para estar a trabalhar”, sublinha.
A indisponibilidade dos médicos para fazer mais horas extraordinárias tem-se registado noutras unidades de saúde do país.
NR/HN/Lusa
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