A promoção da autonomia dos doentes com dependência nas atividades de vida diárias (AVD’s) sempre foi uma preocupação da enfermagem e em particular dos enfermeiros de reabilitação (EER). Além de uma preocupação é um ponto fulcral na qualidade dos cuidados, tendo o enfermeiro de maximizar o bem-estar e complementar as atividades de vida relativamente às quais é dependente.
O próprio conceito de autocuidado acaba por ser bastante amplo, podendo englobar o banho, o vestir e fazer a barba. Durante as 24h que passamos junto aos doentes podemos e devemos aproveitar todos os momentos para reforçar ensinos, capacitar e promover a autonomia dos mesmos. Este é o primeiro momento para doente e família adquirirem a capacidade de se adaptarem a uma nova realidade após um acidente ou doença.
Concomitantemente, são competências especificas dos EER capacitar a pessoa com limitação da atividade, para a reinserção e exercício da cidadania e maximizar a funcionalidade desenvolvendo as capacidades da pessoa. O EER elabora e implementa um programa de ensinos de AVD’s tendo como objetivos a adaptação às limitações da mobilidade e à maximização da autonomia e da qualidade de vida.
Aliás o nosso lema é acrescentarmos qualidade de vida, algo que fazemos diariamente de uma maneira personalizada e humanizada.
Como já foi referido um dos nossos objetivos é a reinserção na sociedade e esse regresso deve ser organizado através de um planeamento de alta cada vez mais precoce. Associado às vantagens para o doente e família, conseguimos diminuir tempos de internamento, infeções nosocomiais e os custos associados ao internamento. Além dos cuidados prestados, o enfermeiro de reabilitação deve ocupar o papel de gestor de caso, orientando e trabalhando em rede e em equipa multidisciplinar fazendo a bissetriz entre os vários intervenientes. Neste planeamento a identificação de barreiras arquitetónicas e adaptação do domicílio ao doente são essenciais para a segurança e empoderamento dos mesmos.
Vários estudos referem a importância das intervenções dos EER neste campo. Como referem Matos e Simões (2020), a intervenção do EER em doentes com AVC deve estar integrada num programa de reabilitação motora, com recurso a estratégias para a identificação e capacitação do cuidador; ensino e treino de AVD’s e referenciação para os recursos da comunidade. Também Pedrosa e Silva (2021), verificaram que em doentes com COVID-19 as intervenções dos EER tiveram um impacto na melhoria do estado funcional e da intolerância à atividade traduzindo ambos um aumento da capacidade para o autocuidado.
Os Enfermeiros (de Reabilitação) são por excelência os profissionais de saúde responsáveis pelo autocuidado e pelas atividades de vida diárias nas suas várias vertentes. Este papel deve ser assumido diariamente, desde o hospital até à comunidade, dando continuidade ao processo de reabilitação e com todos os ganhos em saúde associados à sua prática.
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