Ana Ferreira: STADA – 127 anos de excelência

11/08/2023
A STADA oferece neste momento, em termos de ranking de empresas, o quinto maior portfólio a nível nacional em termos de DCIs de genéricos. Acresce a isto um dos maiores portfólios, também, de Consumer Healthcare. Aliás, hoje, nos mercados onde concorremos, a STADA é a quinta empresa em termos de Consumer Healthcare. E tem ainda com um portfólio muito interessante na área dos biossimilares e na área das especialidades farmacêuticas, ou seja, genéricos na área da oncologia para uso exclusivo hospitalar

Com 127 anos de existência, a multinacional STADA, fundada em Dresden, Alemanha, em 1895, por um grupo de farmacêuticos, conta hoje com um dos mais volumosos e diversificados portfólios de medicamentos do mercado. A Portugal, chegaram em 2005 e já “dão cartas” no mercado de medicamentos de venda livre, onde detêm marcas tão conhecidas de todos como o Nizoral, Mebocaína ou o Hirudoid, entre muitas outras e também no mercado de genéricos e Biossimilares. Em entrevista ao Healthnews, Ana Ferreira, Diretora Geral da empresa relata a história da empresa, fala dos seus produtos e dos projetos atuais e futuros

HealthNews (HN)- A operar em Portugal desde 2005 e já  mais do que centenária além fronteiras, a STADA tem mantido um low profile em Portugal. Como se deu essa entrada no mercado português?.

Ana Ferreira (AF) – A STADA está em Portugal desde 2005. Anteriormente existia enquanto Ciclum Farma, desde o ano 2000. Entre 2000 e 2005, a Ciclum farma atuava no mercado de genéricos e, em 2005, foi adquirida pela STADA, uma empresa alemã, que estava num processo de expansão geográfica na Europa e, portanto, identificou esta oportunidade em Portugal.

HN- A STADA é uma empresa que os portugueses não conhecem, ainda que seja uma empresa secular…

AF- É verdade. Já conta com 127 anos.

HN – E foi lançada por farmacêuticos.

AF- Por farmacêuticos, para farmacêuticos.

HN – É verdade. E mesmo quando o capital foi pela primeira vez aberto foi também só destinado a farmacêuticos e médicos, que é uma característica sui generis na indústria farmacêutica. Fale um pouco dessa história.

AF- A STADA surge como uma necessidade de colmatar, na altura, uma lacuna que existia no mercado que era a produção estandardizada de medicamentos para o mercado alemão. Daí ter sido fundada por farmacêuticos para farmacêuticos, para profissionais de saúde, para garantir uma produção com os mais elevados níveis de rigor e de qualidade. Portanto, aquilo que hoje determinamos como um medicamento genérico foi há 127 anos atrás um projeto de farmacêuticos em Dresden, na Alemanha, e surge então aqui o nome da STADA pela primeira vez. Desde então, dedicou-se, nessa fase inicial, à produção específica e exclusiva de medicamentos genéricos; depois começou a sua expansão ainda dentro da Europa com medicamentos genéricos; depois iniciou o seu alargamento para outros países mas já também através de M&A para medicamentos de consumer healthcare. Diria que é aqui que a STADA começa também a ganhar alguma notoriedade, nomeadamente, mais tarde, em Portugal, através da aquisição de algumas marcas conhecidas, da Johnson & Johnson e da GlaxoSmithKline.

HN – Sim, porque vocês têm medicamentos que muitos temos em casa, o que é interessante porque não associamos o medicamento à STADA.

AF- Eu acho que a STADA é uma das marcas mais antigas, quando pensamos em 127 anos de história, que está ou que já esteve em casa de todos os portugueses, nós é que muitas das vezes não associamos estas marcas como sendo uma marca STADA. Entre o portfólio da Ciclum nos genéricos, o portfólio Consumer Healthcare que tem a chancela STADA e, hoje em dia, também, a presença forte que a STADA já tem no mercado hospitalar, com os produtos de especialidade farmacêutica e biossimilares, a STADA cobre já aqui uma grande parte daquilo que é a presença a nível nacional no sistema nacional de saúde. Esta é, sem dúvida, a nossa visão e a nossa grande força.

HN – Vocês têm, em termos de medicamentos de prescrição médica obrigatória, medicamentos para praticamente todas as áreas.

AF- A STADA oferece neste momento, em termos de ranking de empresas, o quinto maior portfólio a nível nacional em termos de DCIs de genéricos. Acresce a isto um dos maiores portfólios, também, de Consumer Healthcare. Aliás, hoje, nos mercados onde concorremos, a STADA é a quinta empresa em termos de Consumer Healthcare. E tem ainda com um portfólio muito interessante na área dos biossimilares e na área das especialidades farmacêuticas, ou seja, genéricos na área da oncologia para uso exclusivo hospitalar. Portanto, só naquele que é o portfólio para as farmácias de retalho, para farmácias de oficina, a STADA ocupa o quinto lugar em termos de oferta. Isto é efetivamente algo que a maior parte das pessoas desconhece sobre nós.

HN – A vossa linha de biossimilares, embora recente, tem um impacto formidável até em termos de sustentabilidade do sistema de saúde.

AF- Acima de tudo é importante enquadrar isto naquilo que é a missão da STADA: Cuidar da saúde das pessoas enquanto parceiro de confiança. Isso só é possível quando se está presente do ponto de vista global, nas várias áreas da saúde. Do ponto de vista da acessibilidade, quer os genéricos quer os biossimilares permitem maior acesso de todos os doentes e dos profissionais de saúde a um portfólio com produtos da maior qualidade e com uma produção rigorosa, de acordo com aquilo que são os standards da produção. Já do ponto de vista das necessidades das famílias, oferecemos um vastíssimo portfólio de Consumer Healthcare. Através deste portfólio conseguimos gerar poupança ao SNS, acessibilidade a toda a população, e, portanto, cumprimos assim também com aquilo que é o nosso maior valor. Acima de tudo, fazemo-lo também através de um forte investimento na nossa cadeia de abastecimento na qual temos investido muito nos últimos anos. Portanto, garantir a proximidade da nossa cadeia de supply foi importantíssimo, principalmente quando esta é cada vez mais desafiada, como tem sido nos últimos tempos. E é algo que o próprio STADA Health Report também revela: uma preocupação crescente da população com a cadeia de abastecimento do medicamento, o que foi algo surpreendente.

HN – Como é que vocês resolveram esse problema?

AF – Primeiro, a STADA tem uma vantagem geográfica. As fábricas da STADA estão maioritariamente presentes na Europa.

HN – Apresentaram há dias algo absolutamente inovador que é uma vertente de análise de estudo sobre as condições major do estado de saúde em Portugal, com o STADA Health Report. Como é que nasceu essa ideia?

AF – É uma ideia que já tem quase uma década. Surgiu na Alemanha em 2014, apenas para o mercado alemão, tendo como objetivo saber precisamente como é que estava a satisfação da população relativamente ao sistema de saúde alemão e à qualidade do mesmo, e durante cinco anos foi feita apenas na Alemanha. Em 2019 expandiu para outros países e em 2021 passou a incluir também Portugal. Portanto, tivemos essa vantagem. Para nós é bastante importante termos Portugal neste estudo, até porque o mínimo de população auscultada para entrar no STADA Health Report são duas mil pessoas por país.

HN – Fizeram o estudo em colaboração com alguma instituição portuguesa?

AF- Não. O estudo é sempre feito pela mesma agência. É uma agência alemã que faz este estudo para os 16 países e para as 30 mil pessoas envolvidas no estudo. Para o ano entram dois novos países para a STRADA Health Report, entram, creio eu, mais 10 mil pessoas, portanto, o estudo passará a ter um total de 40 mil pessoas. Ainda assim, é sempre a mesma empresa que acaba por fazer este estudo, uma vez que, naturalmente, dominou já toda a prática, toda a metodologia.

HN – Qual foi o objetivo de enveredar por esta iniciativa?

AF- O nosso objetivo foi, inicialmente, perceber a qualidade do sistema de saúde. Primeiro, trazer à luz temas para discussão que melhorassem a qualidade de vida da população, Salientar temas que fossem importantes destacar, não só junto do público, mas também junto das autoridades; trazer a discussão para os stakeholders, identificar os temas mais relevantes para partilha com os stakeholders e, acima de tudo, partilhar esta informação com os vários intervenientes. Portanto, o nosso objetivo é entregar uma ferramenta que promova efetivamente melhorias, é partilhar os resultados para trabalharmos durante o próximo ano naqueles que são os pontos de melhoria para cada país e, em conjunto com as autoridades locais e com os vários stakeholders, podermos trabalhar no sentido de melhorar a qualidade de vida da população e os resultados de cada ponto que necessita de melhoria. Este estudo vai ao encontro de um dos objetivos major da Organização Mundial de Saúde, promover a qualidade da saúde a nível global, e, portanto, para nós essa é também uma questão e no dia a dia é uma das nossas orientações estratégicas.

HN – Um dos grandes enfoques do relatório é a saúde mental. É um problema que neste momento se alarga a toda Europa ou existe uma outra razão?

AF- A saúde mental é um tema “residente”. Todos os anos entra no STADA Health Report. Penso que a saúde mental começou por ser, há alguns anos atrás, um tema… não queria dizer tabu, mas um tema menos trabalhado ou menos discutido abertamente.

HN – Era mesmo tabu.

AF- Era tabu se o podermos assim tratar mas felizmente, nos últimos anos, tem sido discutido abertamente em vários fóruns. Com a pandemia agravou bastante, algo que o STADA Health Report também revelou. Logo no ano a seguir à pandemia, quando saiu o STADA Health Report (2021), os números cresciam drasticamente e, pior, revelavam que havia uma fatia da população onde aumentava a ansiedade e os problemas com a qualidade do sono e com a saúde mental. Revelava que nos mais jovens, o que é normal, o isolamento acabava por ter este peso sobre as pessoas. E por isso que acho que a saúde mental continuará a ser um tema que iremos continuar a trabalhar. Uma das boas notícias é que a saúde mental está a melhorar na Europa e em Portugal também. Em Portugal melhora um bocadinho menos que do na Europa, ou seja, a melhoria é mais lenta do que nos restantes países da Europa, mas apesar de tudo melhora em relação a 2022.

HN- Vi os gráficos e fiquei surpreendido porque pensava que a situação estava muito pior.

AF- Também eu. O que eu acho que podemos concluir daqui é que quando todos trabalhamos para temas comuns, e quando todos partilhamos estes dados e existem vários fóruns a trabalhar abertamente estes temas, o que acontece é que a partilha desta informação tem uma riqueza tremenda porque podemos todos contribuir para uma melhoria significativa da qualidade de vida da nossa população.

Para nós, o trabalho que tinha que ser feito com o STADA Health Report está feito. O objetivo de ele ser partilhado numa conferência de imprensa, como foi feito em Madrid, de dia 3 ser partilhado em Oeiras para jornalistas, para vários stakeholders, para representantes de grupos de farmácias, e não só, para os vários representantes do setor da saúde, tem apenas um propósito, é entregar este estudo. Aliás, o estudo já está disponível online, no site da STADA, precisamente para que todos possam aceder ao mesmo e a partir daqui trabalharmos com esta ferramenta que nos permite entregar a todos melhor saúde e, acima de tudo, atuar profilaticamente nas áreas onde é necessário.

HN – Vocês têm ligações com associações de doentes? Têm feito algum trabalho nessa área?

AF- Não. Infelizmente, ainda não começámos o nosso trabalho nessa área, mas é um dos objetivos que temos para 2024.

HN – Mas tiveram um painel de luxo na apresentação dos resultados em Oeiras…

AF- Tivemos, felizmente. Aceitaram o nosso desafio. E é efetivamente isso que nos deixa bastante satisfeitos porque nós temos para 2024 esta ambição, começar a trabalhar também com as associações de doentes, porque a literacia na área da saúde é algo que todos temos de fazer em conjunto: a indústria farmacêutica, as associações, o Ministério da Saúde, os vários intervenientes. Como viu também nos resultados, têm melhorado nos últimos anos, e Portugal também se destaca positivamente nesta área. Quando percebemos que a nossa população conhece as indicações terapêuticas dos fármacos mais utilizados no dia-a-dia, ou que conhece melhor do que a média europeia os fármacos mais utilizados no dia-a-dia, pessoalmente é algo que me deixa bastante satisfeita e até orgulhosa. Nós ficámos muito orgulhosos quando vimos este resultado. Agora temos que continuar neste caminho porque a literacia na área da saúde também se revela noutras questões, nomeadamente na necessidade de se fazer rastreios, indicadores que revelam que temos que caminhar no sentido de melhorar os nossos resultados nas áreas em que é necessário

HN – Temos em Portugal grupos muitos específicos de população com necessidades diferentes em termos de literacia. Com a evolução passámos a ter as comorbilidades que normalmente estão mais associadas a faixas etárias mais elevadas.

AF- Engraçado que uma das coisas positivas que também surge sobre a nossa população mais idosa foi o aumento exponencial da atividade física. 79% dos mais jovens e 71% dos mais velhos aumentaram a sua atividade física. Portanto, eu acho que a nossa população também está a caminhar no bom sentido  porque mesmo as pessoas mais velhas estão claramente sensibilizadas para a necessidade de terem uma vida mais saudável e terem comportamentos mais profiláticas.

HN – Um dos outros painéis do debate de Oeiras foi sobre SNS e inovação. Em termos gerais, do que é que vamos tratar?

AF- Abordou-se a receita eletrónica, onde Portugal está claramente à frente dos restantes países da Europa. Falámos ainda de quão dispostos estamos nós para consulta via webcam, ou seja, uma consulta online; e-commerce; farmácia online; ou seja, nas novas tecnologias. Do ponto de vista da receita eletrónica, está mais do que resolvido o tema, já não é tema, grande parte da população lida hoje com a receita eletrónica, e temos países da Europa onde este é um assunto que não avançou, por uma questão de proteção de dados, por isto ou por aquilo, ainda não avançou, ou avança apenas em projetos-piloto em algumas regiões – o que deixa Portugal claramente muito bem visto. Mas atenção que Portugal do ponto da digitalização tem sido um país que tem dado passos à frente de outros países da Europa e mesmo durante a altura da covid nós deixámos isso também bastante evidenciado.

HN – Estes relatórios anuais são para continuar?

AF- Sim. Portugal também está para continuar, e queremos continuar sempre a partilhá-los com a população portuguesa e com os vários stakeholders. Se o formato deste ano e do ano passado é para manter, ainda não o sabemos, mas que será sempre divulgado em press release à imprensa, sem dúvida, e que será sempre entregue também a todos os stakeholders, sem dúvida nenhuma, isso garanto-lhe, é uma promessa nossa, porque, como lhe disse, isto é uma ferramenta de trabalho para todos os intervenientes e o objetivo do grupo STADA é divulgar este estudo e melhorar a qualidade da saúde nos vários países. Este é o nosso compromisso, é a nossa missão, e continuaremos a fazê-lo.

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