“Os constrangimentos são muito grandes. Com tudo o que envolve esta situação. É o desgaste económico, material, psicológico e o prejuízo no socorro pela ausência das ambulâncias e do equipamento”, salientou à agência Lusa Paulo Amaral.
Com o encerramento de várias valências nas Urgências da Guarda, na sequência da recusa dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias do que as 150 previstas na lei, os doentes estão a ser transferidos para os hospitais vizinhos consoante a especialidade.
O dirigente reforçou que “é um transtorno para todas as corporações, porque representa uma deslocação maior do que a prevista. Ao certo, não sabem para onde vão ser encaminhados”, assinalou.
“Podem chegar à Guarda e ser encaminhados para a Covilhã, para Viseu ou para Coimbra”, explicou Paulo Amaral.
O presidente da Federação evidenciou ainda o risco que os bombeiros enfrentam em realizar este tipo de transporte de poderem ver falecer o doente durante a viagem.
“Esperemos que não haja a infelicidade de um doente morrer numa ambulância, porque seria dramático para a própria corporação e bombeiros que fazem o transporte. Era o pior que podia acontecer”, sublinhou.
Com a necessidade de realizar mais transportes e deslocações mais longas, as corporações veem-se também condicionadas na prestação e rapidez na resposta do socorro.
“Se os equipamentos estivessem mais próximos, podiam atuar com mais rapidez. Assim, algumas corporações são obrigadas a pedir apoio às suas colegas mais próximas e outras a recusar o transporte desde que não seja transporte em urgência”, explicou.
O presidente da Federação disse esperar que “haja acordo o mais depressa possível para que a situação estabilize”.
Sobre a necessidade de as corporações poderem vir a ser recompensadas por este esforço adicional, Paulo Amaral reconheceu que “face à situação não se anunciam melhorias”.
“Não vejo que haja majorações, até dada a turbulência que se avizinha”.
A Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda tem 23 corporações associadas.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade de as administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise já levou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não conseguissem chegar a um entendimento.
LUSA/HN
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