Num balanço feito no domingo à noite, Youssef Abou Rich, presente no hospital onde também estão abrigados milhares de deslocados, tinha anunciado a morte de cinco bebés e sete doentes.
No sábado, o hospital anunciou que 39 bebés prematuros ainda estavam no hospital e que as enfermeiras estavam a realizar “massagens respiratórias à mão” para mantê-los vivos.
Um médico da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) indicou também que 17 pacientes estavam em cuidados intensivos.
De acordo com o relatório diário do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, os últimos ataques causaram danos à área de cuidados de doenças cardiovasculares e à maternidade, entre outras instalações hospitalares na cidade de Gaza, capital da faixa.
“Alguns deslocados internos, funcionários e pacientes conseguiram fugir, mas outros ainda estão presos no interior”, é destacado no documento, lembrando que estão em risco a vida de 36 bebés em incubadoras e de pacientes com problemas renais em diálise.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que perdeu contacto com Al Shifa, enquanto outro hospital na capital de Gaza, Al Quds, já não funciona por falta de combustível.
As Nações Unidas denunciaram no fim de semana pelo menos 137 ataques “contra os cuidados de saúde” em Gaza desde o início da guerra com Israel, ações que classifica como “uma violação do direito e convenções humanitárias internacionais”.
“Nos últimos 36 dias, a OMS registou pelo menos 137 ataques contra os cuidados de saúde em Gaza”, referiu a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Mediterrâneo Oriental, num comunicado conjunto com as delegações regionais da UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância e da FNUAP – Fundo das Nações Unidas para a População, citado pela EFE.
Segundo a nota, estes ataques causaram a morte de 521 pessoas, incluindo 16 trabalhadores humanitários, e deixaram quase 700 feridos, entre pacientes e profissionais de saúde.
As organizações dizem ainda ter ficado “horrorizadas” com os recentes ataques contra o Hospital Al Shifa – o maior de Gaza -, o Hospital Pediátrico Al Rantissi Nasser, o Hospital Al Quds e outros localizados na cidade e no norte do enclave palestiniano, onde “muitas pessoas morreram, incluindo crianças”.
Estas entidades receberam relatos de mortes de “bebés prematuros e recém-nascidos que estavam a receber suporte vital” devido a cortes de energia e esgotamento de combustível, um recurso que Israel impede de entrar no enclave por medo de que seja utilizado pelo grupo Hamas.
Em 07 de outubro, o Hamas efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.
Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele enclave palestiniano pobre e desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.
Este conflito provocou pelo menos 11.000 mortos na Faixa de Gaza e 1.400 em Israel.
LUSA/HN
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