“Foi absolutamente lamentável o desenvolvimento do processo de revisão dos estatutos da Ordem dos Médicos. Absolutamente lamentável”, afirmou o bastonário durante o 26.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos.
Carlos Cortes afirmou que o início do processo de revisão dos estatutos não se pode comparar ao momento atual, onde existiu “um respeito pela palavra dada”.
“Houve um desrespeito do Estado pelos compromissos que assumiu”, criticou, dizendo que, com esta alteração, as competências da Ordem dos Médicos estão em causa.
“Está em causa a sua independência face ao poder político, está em causa a primazia da técnica, da ciência pela decisão politica. Está em causa a capacidade de os médicos poderem desenvolver a formação medica e investigação medica ao longo da vida”, referiu.
Considerando que este é “um momento de nuvens negras”, o bastonário disse, no entanto, estar convencido de que a instituição conseguirá ultrapassar.
Também presente no congresso, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, reconheceu a divergência entre o Estado e a maioria das ordens profissionais, mas apelou a que “não se dramatize essa divergência”.
No dia em que a Ordem dos Médicos assinala o seu 85.º aniversário, o bastonário reforçou de novo a necessidade da carreira médica, tema em debate no congresso, poder ser alargada a outros setores de atividade, como o setor privado e social.
“Uma carreira médica que se inicie com a atividade médica, mas também que possa ser adaptada à realidade da medicina hoje, que não é a mesma que existia há 30 ou 40 anos, em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) era o grande pilar em Portugal. Acredito neste serviço público, que é preciso reforçá-lo, mas hoje sabemos que o setor privado e social dão respostas importantes e é preciso coragem de alargar a carreira médica a outros setores de atividade”, defendeu.
Perante a “grave crise” que o país atravessa no setor da saúde, Carlos Cortes disse acreditar que a solução passa por “uma nova carreira médica”.
“Estou certo de que saberemos encontrar o caminho. O futuro da saúde também está nas mãos dos médicos, independentemente de onde se encontram, seja nos hospitais, administrações hospitalares, Governos ou Ministérios”, acrescentou.
Já em declarações aos jornalistas, à margem do congresso, o bastonário reforçou a necessidade de o Governo chegar a um entendimento com os médicos, bem como de os hospitais serem transparentes sobre os rácios mínimos nas urgências.
LUSA/HN
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