Hospital de Braga desenvolve projeto inovador que testa memória social em utentes com esclerose múltipla

4 de Dezembro 2023

O Hospital de Braga anunciou esta segunda-feira que está a desenvolver um projeto inovador, que testa a memória social nas pessoas com esclerose múltipla, por meio de um jogo, enquanto realizam uma ressonância magnética.

Em comunicado, esta unidade de saúde destaca que o médico do Serviço de Neurorradiologia do Hospital de Braga, Torcato Meira, “dedicou-se ao estudo de uma forma muito particular de memória, e tem conduzido o desenvolvimento do projeto, que pretende descobrir se os utentes com esclerose múltipla apresentam défices de memória social, e revelar os substratos neurais subjacentes a uma possível disfunção, o que poderá despoletar o aparecimento de abordagens terapêuticas dirigidas a essa disfunção cognitiva.”

O estudo convida os utentes a jogar um jogo virtual, enquanto se encontram dentro da máquina de ressonância magnética, um formato diferente do habitual, no qual os participantes têm possibilidade de interagir com diferentes personagens virtuais.

A forma como interagem com as personagens permite “inferir acerca da memória que os participantes estão a processar, retirando-se medidas que podemos relacionar com dados de neuroimagem”, explica Torcato Meira.

Os dados de ressonância magnética recolhidos passam por medidas de atividade de diferentes áreas do cérebro e respetivo volume, assim como métricas relacionadas com as lesões no cérebro do utente com esclerose múltipla.

O projeto, que iniciou em 2022 e ainda está em curso, apresenta já alguns resultados clínicos úteis. “De momento, conseguimos já quantificar como o volume total da lesão que estes doentes apresentam no cérebro se relaciona com uma pior performance cognitiva social”, refere Meira.

Os participantes saudáveis, avança o docente de Neuroanatomia, “ativam áreas expectáveis do cérebro para a realização da tarefa em questão, ao contrário dos utentes com esclerose múltipla, que não recrutam essas regiões”. Os dados sugerem que, para além de lesões estruturais, os doentes com esclerose múltipla apresentam alterações funcionais que poderão estar na origem destes défices nunca antes reportados em esclerose múltipla.

João Cerqueira, Neurologista do Hospital de Braga, largamente reconhecido na área da esclerose múltipla, convida os utentes das suas consultas a participar no projeto.

O Centro Clínico Académico (2CA-Braga), sediado no Hospital de Braga, é responsável pelo agendamento da tarefa e da avaliação imagiológica e pela execução das mesmas. Além disso, o 2CA é, também, responsável pelo armazenamento anónimo dos dados recolhidos.

A Esclerose Múltipla é conhecida como uma doença crónica do sistema nervoso central, com uma ampla variedade de sintomas motores e sensitivos, que podem conduzir à incapacidade de trabalho, sobrecarga socioeconómica e reduzida qualidade de vida dos utentes e cuidadores.

PR/HN

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