O estudo epidemiológico sobre a prevalência da Insuficiência Cardíaca na população portuguesa (PORTHOS) foi conhecido hoje numa sessão de apresentação que teve lugar na NOVA Medical School.
Após mais de duas décadas do último estudo, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a AstraZeneca, em parceria com a NOVA Medical School, decidiram levar a cabo a realização de um estudo de larga escala sobre a realidade da Insuficiência Cardíaca a nível nacional.
Os resultados foram apresentados por Rui Baptista. O investigador revelou que mais de 700 mil portugueses com idade superior a 50 anos vivem com insuficiência cardíaca, sendo que 90% não sabe que tem a patologia.
A prevalência nas diferentes regiões do país foi um fator que surpreendeu os investigadores do estudo. “Encontrámos assimetrias importantes nas regiões”, afirmou Rui Baptista.
Os dados mostraram que a prevalência da IC na região Norte é de 12,93%; no Centro é de 17,90%, em Lisboa e Vale do Tejo é de 18,84%, no Alentejo é de 29,17% e no Algarve é de 6,61%.
“Esta distribuição não segue a realidade sociodemográfica do país”, observou o investigador.
Sobre a importância do estudo, a investigadora Cristina Gavina salientou que a IC “é um problema de saúde pública” que tem vido a agravar-se de forma “preocupante” em Portugal.
“A maior parte das nossas enfermarias está cheia de doentes com insuficiência cardíaca (…) É uma doença que custa muito dinheiro. Estima-se que sejam gastos cerca de 25 mil euros por ano por pessoa”, reforçou.
Segundo a especialista, a insuficiência cardíaca tem um prognostico pior que muitos cancros comuns.
A hipertensão e a obesidade, associados com o envelhecimento da população, foram apontados como os principais fatores de risco que têm contribuído para o aumento do número de doentes com insuficiência cardíaca.
Perante o cenário e a realidade da doença, os especialistas pediram mais medidas de prevenção.
Na sessão, o Presidente do Conselho Estratégico do PORTHOS, Vitor Gil, destacou a importância da atualização destes dados. “Este estudo permite perceber que para mudar a realidade é preciso conhecer a realidade, mesmo que esta nos surpreenda (…) Os resultados deste estudo são para ser entregues nas mãos dos políticos para que transformem o panorama da insuficiência cardíaca em Portugal”.
O estudo PORTHOS decorreu entre dezembro de 2021 e setembro de 2023.
HN/Vaishaly Camões
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