Xavier Barreto: “Não está garantida, de todo, a nomeação dos melhores”

18 de Janeiro 2024

Esta quarta-feira, no evento “Estados Gerais – Transformar o SNS”, uma iniciativa da Fundação para a Saúde – SNS, Xavier Barreto mostrou-se preocupado com a gestão de milhões de euros por vogais executivos das ULS sem experiência na área e muitas vezes ligados a partidos.

Não está garantida, de todo, a nomeação dos melhores”, alertou o Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH). Em causa estão os nomes divulgados para o cargo de vogal executivo nas Unidades Locais de Saúde (ULS). “Quando olhamos para algumas nomeações que têm acontecido nos últimos tempos, o que verificamos é que, muito frequentemente, são pessoas sem qualquer ligação à gestão hospitalar, sem qualquer experiência na área e muitas vezes ligadas a partidos”, criticou Xavier Barreto.

Xavier Barreto aproveitou o debate sobre o SNS para expor outros problemas: “os hospitais continuam a não ter qualquer autonomia para gerir os seus orçamentos”, o que “tem implicações nos seus resultados”; “todos os anos, o Orçamento de Estado prevê uma determinada verba para investimento, e depois, quando olhamos para o resultado da execução desse investimento, no final do ano, vemos que ronda os 50%”; “não temos, no Serviço Nacional de Saúde, (…) uma verdadeira política de gestão de recursos humanos”; “o sistema de avaliação de desempenho que temos é muito pobre”; “não fazemos qualquer avaliação de qual é o impacto que (…) novos fármacos têm em termos da vida real dos nossos doentes”.

Relativamente ao último ponto, Xavier Barreto acrescentou: “E não vemos qualquer iniciativa, qualquer estratégia do Governo para que isto mude”.

Em novembro, Xavier Barreto disse ao HealthNews que a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares estava preocupada com o facto de os hospitais continuarem sem medir o impacto dos medicamentos inovadores, e que os resultados do Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar “não são muito satisfatórios”. E explicou: “O facto de não fazerem esta medição constitui um obstáculo quer para comprarmos de uma forma inovadora baseada em resultados, quer para conseguirmos destrinçar aquilo é a verdadeira inovação daquilo que não é inovação, no sentido em que não acrescenta qualidade de vida, não faz a diferença para os nossos doentes.”

Por outro lado, perante uma “grande escassez” de médicos, temos que garantir que estes “estão nas tarefas onde acrescentam mais valor”, frisou o orador esta quarta-feira.

HN/RA

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