O procedimento consiste na implantação de um dispositivo semelhante ao convencional, com a particularidade de um dos elétrodos ficar implantado no músculo entre os dois ventrículos, no septo interventricular. “O objetivo é tentar alvejar o sistema elétrico intrínseco do utente, fazendo-se a condução elétrica através das fibras elétricas ainda saudáveis do utente”, refere Jorge Marques, Diretor do Serviço de Cardiologia da ULS de Braga.
A tecnologia possibilita, de forma artificial, a replicação da condução elétrica, que se faria através do sistema elétrico inteiramente saudável e é mais bem tolerada pelo utente, prevenindo a degradação da contração ventricular (insuficiência cardíaca), que, embora raramente, pode ocorrer com a estimulação convencional pelo pacemaker.
“Esta tecnologia tem ainda o potencial de melhorar e tratar alguns utentes com insuficiência cardíaca cujo mecanismo da doença é secundário a um atraso na condução elétrica entre os dois ventrículos, porque consegue corrigir esse atraso”, sustenta Sérgia Rocha, uma das Cardiologistas que realizou os primeiros procedimentos, juntamente com Adília Rebelo, também Cardiologista da ULS de Braga.
As primeiras intervenções contaram com o apoio de Francisco Moscoso Costa, Eletrofisiologista do Hospital de Santa Cruz, um dos profissionais mais experientes na área em Portugal, que conta com mais de 100 procedimentos desta natureza, bem-sucedidos.
Alinhado com outros centros nacionais e internacionais, o processo de implementação da técnica decorrerá de forma gradual, podendo inclusivamente vir a ser adotada como técnica standard num futuro próximo, caso os resultados clínicos em populações alargadas venham a demonstrar um claro benefício.
NR/HN
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