Com apenas 0,7 de nascimentos por mulher no final do ano passado, a Coreia do Sul regista uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo, muito inferior à taxa de substituição, o que significa um rápido envelhecimento e uma diminuição da população.
O Governo já investiu milhares de milhões de dólares para tentar encorajar a natalidade, com as autoridades de Seul a subsidiar, a partir de agora, o congelamento de óvulos, apesar de os peritos estimarem que esta iniciativa não deverá chegar para reverter o declínio demográfico do país.
Em teoria, o congelamento de óvulos permite às mulheres preservar a fertilidade, mas as possibilidades de êxito são superiores para aquelas que o fazem antes de a qualidade dos óvulos começar a diminuir, geralmente a partir dos 38 anos.
Seul considerou que ajudar as mulheres a congelar óvulos era “a solução mais prática” para “investir em potenciais futuros nascimentos”, indicaram as autoridades da capital.
“Numa altura em que a idade de casamento e de gravidez continua a aumentar e que a participação das mulheres na sociedade se torna mais importante, há um interesse crescente em solteiras que esperam assim poder ser mães no futuro”, consideraram.
Este programa não abrange mulheres casadas que pretendem ter um bebé por inseminação intrauterina ou fertilização ‘in vitro’, uma vez que são procedimentos praticamente impossíveis de conseguir para celibatários ou casais do mesmo sexo, uma vez que muitas clínicas exigem certificados de casamento.
A tecnologia de congelamento de óvulos está disponível na Coreia do Sul desde final dos anos 1990, mas é pouco conhecida e pouco procurada.
No entanto, estas medidas não têm em conta as grandes mudanças sociais, de acordo com especialistas.
Os jovens sul-coreanos descrevem-se a si próprios como a geração “n-Po”, ou seja, aqueles que abandonaram muitos dos objetivos dos mais velhos, como o casamento, a paternidade e a casa própria, devido à estagnação do crescimento e à intensa concorrência pelo emprego.
Em 2022, registaram-se 3,7 casamentos por cada mil pessoas na Coreia do Sul, um mínimo histórico. E os agregados familiares unipessoais representam atualmente 41% do total.
No entanto, a monoparentalidade continua a ser altamente estigmatizada e marginal neste país, disse a professora de sociologia na Universidade Estadual de Portland (EUA), Woo Hye-young.
Em 2020, apenas 2,5% dos bebés sul-coreanos nasceram fora do casamento, em comparação com a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 40%.
Subsidiar a congelação de óvulos “não vai resolver eficazmente a baixa taxa de natalidade da Coreia”, considerou.
Em vez disso, recomendou que se encoraje o casamento ou um segundo filho através de incentivos à habitação e fiscais, cuidados infantis e licença parental.
O país também precisa de “aceitar melhor as diferentes formas de família”, ajudando as pessoas solteiras e os casais do mesmo sexo que desejem ter filhos, sugeriu.
LUSA/HN
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