Estudo VivEndo: Atraso no diagnóstico de endometriose em Portugal é de 8 anos

19 de Fevereiro 2024

A Gedeon Richter Portugal, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose (MulherEndo), elaborou o Estudo VivEndo, que mostra que temos ainda mulheres com endometriose "com muita sintomatologia e com um tempo médio de diagnóstico de 8 anos".

A endometriose afeta 228 mil mulheres em Portugal e na grande maioria dos casos não tem cura, apenas pode ser controlada. Os especialistas alertam para a importância do diagnóstico precoce na tentativa de impedir a progressão da doença, para formas mais graves ou agressivas, pois atinge doentes cada vez mais jovens, afetando cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva.

Para ir ao encontro desta necessidade, a Gedeon Richter Portugal elaborou o Estudo VivEndo, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose (MulherEndo). Para a elaboração deste estudo foi realizado um questionário sobre a jornada das mulheres portuguesas que têm endometriose, com o objetivo de compreender este percurso e perceber melhor a dimensão do problema em Portugal.

“De forma global, os resultados vão ao encontro daquilo que nós percebemos no nosso dia a dia, portanto, temos ainda mulheres com muita sintomatologia e com um tempo médio de diagnóstico de 8 anos. O estudo veio confirmar o que os outros estudos internacionais já nos indicavam e também a realidade que experienciamos diariamente”, indica Susana Fonseca, presidente da MulherEndo. O caminho que tem vindo a ser traçado nos últimos anos “é mesmo muito importante e é essencial continuá-lo. Porque a doença é muito enigmática e é necessário ainda descobrir muito sobre ela, nomeadamente formas de tratamento mais eficazes para os sintomas que são tão vastos.”

“A endometriose é uma doença complexa, heterogénea e que nos põe, de facto, desafios diários. É uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil e que tem uma grande repercussão na sua qualidade vida. É uma doença heterogénea porque não há casos clínicos iguais, existem variantes inerentes à própria doente e mesmo à doença em si. De facto, o desafio é diário em relação não só à clínica, como ao diagnóstico e também ao tratamento”, aponta Fátima Faustino, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia.

A especialista explica que o “atraso no diagnóstico é uma das condições que mais preocupa. Nos últimos anos e com a divulgação que tem existido da doença, tem havido uma melhoria no tempo de diagnóstico, uma vez que as mulheres já recorrem aos centros mais diferenciados na área do tratamento da endometriose e estão mais despertas para a própria sintomatologia e não param de procurar uma solução para o seu problema”.

O Estudo VivEndo contou com a participação de 883 mulheres com endometriose. A maioria das mulheres que responderam ao questionário está na faixa etária entre os 31 e os 45 anos (66,5%).

No estudo, a idade média do aparecimento dos primeiros sintomas foi aos 20 anos; a maioria das mulheres com endometriose descreve a dismenorreia intensa (83,6%) e a dor pélvica não menstrual (68,1%) como primeiros sintomas; decorreram cerca de 4 anos, em média, entre o aparecimento dos primeiros sintomas e a procura de ajuda médica, através da ida a uma consulta; em média, cada mulher consultou 3 profissionais de saúde antes do diagnóstico, 36,5% consultou 5 ou mais profissionais de saúde.

O estudo revela também que decorreram em média 4 anos entre a primeira consulta e o diagnóstico de endometriose. O diagnóstico de endometriose nestas mulheres foi realizado principalmente através da clínica e/ou estudo imagiológico.

A grande maioria (80,4%) das mulheres com endometriose refere que pelo menos um médico lhe disse que as suas queixas eram normais; 77,7% das mulheres que tentaram engravidar tiveram dificuldades e 51,4% destas recorreram a tratamentos de PMA para conseguir engravidar; 76,8% das mulheres encontrava-se a fazer tratamento médico para a sua endometriose e 58,9% já teve de trocar de tratamento médico; e a maioria das mulheres já tinha sido submetida a uma cirurgia devido à endometriose (59,1%).

O impacto psicológico e o impacto na vida sexual são os fatores que mais afetam a vida das mulheres com endometriose (nível 6,4 e 6,3, respetivamente, numa escala de 1 a 10).

PR/HN

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