O consórcio junta a UC, a Universidade de Salamanca e o Instituto de Investigação Biomédica de Salamanca, e está a desenvolver um projeto que tem como objetivo melhorar o tratamento desta doença degenerativa rara, de rápida progressão.
A UC referiu que, com o financiamento de 757.895 euros da Comissão Europeia, o projeto vai criar uma plataforma inovadora de medicina de precisão dedicada à ELA, disponibilizando novos modelos celulares mais realistas, que vão permitir estudar melhor a doença e novas terapias.
“A medicina de precisão serve para melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de patologias, ao aliar os dados que são habitualmente usados no diagnóstico e tratamento (como o histórico familiar e a sintomatologia) ao perfil genético de cada pessoa”, acrescentou a Universidade de Coimbra.
Para a criação da plataforma, a equipa “desenvolverá várias atividades, como a otimização e a transferência de conhecimento dos protocolos de obtenção de neurónios motores e células do musculoesquelético, através da diferenciação induzida em laboratório de células estaminais presentes na urina, de forma a obter neurónios motores e células do musculoesquelético de doentes com ELA e de pessoas saudáveis”, avançou a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC Elisabete Ferreiro.
“Esta abordagem não invasiva, que resulta da recolha de urina e posterior isolamento das células estaminais presentes, representa um avanço significativo na investigação da doença, uma vez que não é possível retirar neurónios diretamente de pacientes e indivíduos saudáveis”, acrescentou a também líder do projeto.
Para esta investigadora, “isto constitui um grande avanço na investigação da ELA, uma vez que os modelos existentes para o estudo da doença são limitados e frequentemente baseados em modelos animais, que não representam totalmente o ser humano”.
“Com o modelo 3D, que vamos desenvolver no âmbito deste projeto, teremos a possibilidade de compreender melhor os mecanismos celulares e moleculares que ocorrem na doença e, assim, identificar novos alvos terapêuticos”, acrescentou Elisabete Ferreiro.
O modelo que será criado pela equipa permitirá perceber como é que as células vão interagir, de forma a imitar o que acontece no ser humano. Depois, será estudado “de forma aprofundada”, focando, sobretudo, a análise da função mitocondrial (relacionada com a mitocôndria, um organelo celular envolvido em várias funções, como a produção de energia).
“Esperamos conseguir identificar alterações significativas na função mitocondrial nas células obtidas de pacientes com ELA que vamos estudar, o que pode levar à possível identificação de estratégias promissoras para o diagnóstico e tratamento da doença”, frisou a investigadora.
Segundo a líder do projeto, “atualmente, existem lacunas na compreensão da fisiopatologia da ELA, em que a diversidade de possíveis causas para o aparecimento da doença e heterogeneidade fisiopatológica entre os pacientes resulta numa maior dificuldade em encontrar terapias precisas e eficazes, situação que torna ainda mais relevante o desenvolvimento do conhecimento para que seja possível diagnosticar e tratar a doença”.
“A longo prazo, acreditamos que a tecnologia que estamos a desenvolver poderá ser usada por entidades diretamente relacionadas com a saúde, de forma a garantir o acesso ao melhor tratamento para cada doente”, realçou.
Também participam neste projeto o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (através do Serviço de Neurologia), a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica e a Associação Espanhola de Esclerose Lateral Amiotrófica.
A investigação decorrerá até ao fim de 2026.
LUSA/HN
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