Leucemia mieloide aguda: Investigadores querem melhorar sobrevivência de doentes

21 de Fevereiro 2024

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) vão procurar novos tratamentos para melhorar a sobrevivência dos doentes com leucemia mieloide aguda, focando o estudo no papel do microambiente da medula óssea na progressão da doença.

Em comunicado, o instituto da Universidade do Porto esclarece hoje que o objetivo dos investigadores passa por estudar o papel do microambiente da medula óssea na progressão e recidiva da doença, mas também desenvolver novos tratamentos.

A leucemia mieloide aguda é uma forma de cancro do sangue rara que decorre da mutação de células que residem na medula óssea.

A evolução da doença, que é mais comum em adultos, embora afete pessoas de todas as idades, é rápida e agressiva, estando associada a uma elevada taxa de mortalidade.

Um dos principais problemas da leucemia mieloide aguda passa pela persistência da doença após o tratamento de quimioterapia, levando à recidiva.

A investigação, liderada pelo médico e investigador Delfim Duarte e que foi recentemente financiada pela Wordwide Cancer Research, em 235 mil euros, irá decorrer nos próximos três anos com o propósito de “encontrar novos tratamentos para melhorar a sobrevivência dos doentes”.

Para tal, os investigadores vão debruçar-se sobre as células da medula óssea que não produzem células sanguíneas, mas que fornecem um microambiente que permite que estas se formem.

“Estudos prévios mostram que estas células [do estroma da medula óssea] que constituem o microambiente da medula óssea promovem o crescimento e suportam a sobrevivência das células malignas”, refere o investigador.

No estudo, vão ser usadas técnicas inovadoras de microscopia, modelos pré-clínicos de animais de leucemia mieloide aguda e amostras de doentes para identificar “com precisão” a identidade das células do microambiente.

“O objetivo será caracterizar esse microambiente na fase inicial da doença e na recidiva”, afirma o i3S, acrescentando que, posteriormente, a equipa vai manipular os fatores para desenvolver novos tratamentos.

Delfim Duarte acrescentou que os investigadores “vão utilizar modelos genéticos animais para manipular os fatores identificados e dessa forma inibir a proteção do microambiente.

“Posteriormente, e com base nos resultados obtidos, serão testados novos tratamentos farmacológicos para que possam ter aplicação clínica no futuro”, concluiu o investigador.

O trabalho será desenvolvido em colaboração com o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, no âmbito do Porto Comprehensive Cancer Centre Raquel Seruca.

lusa/hn

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

DGS Define Procedimentos para Nomeação de Autoridades de Saúde

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma orientação que estabelece procedimentos uniformes e centralizados para a nomeação de autoridades de saúde. Esta orientação é aplicável às Unidades Locais de Saúde (ULS) e aos Delegados de Saúde Regionais (DSR) e visa organizar de forma eficiente o processo de designação das autoridades de saúde, conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 82/2009.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights