Infeções sexualmente transmissíveis disparam em Portugal

7 de Março 2024

As infeções sexualmente transmissíveis como gonorreia, clamídia e sífilis dispararam em Portugal, e na Europa, afetando sobretudo jovens dos 20 aos 24 anos, revelam os últimos relatórios epidemiológicos anuais do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).

Em Portugal, a notificação de casos de gonorreia aumentou de 1.252 em 2021 para 2.253 em 2022. Em 28 países da União Europeia/Espaço Económico Europeu (UE/EEE) registaram-se 70.881 casos confirmados de gonorreia em 2022, com uma taxa bruta de notificação de 17,9 casos por 100.000 habitantes, um aumento de 48% na taxa comparando com 2021 e de 59% com 2018.

“O ano de 2022 marca o maior número de casos de gonorreia na UE/EEE na última década e desde o início da vigilância europeia de IST [infeções sexualmente transmissíveis] em 2009”, alerta a ECDC.

Nos relatórios hoje divulgados, a maioria (25/28) dos países regista aumentos em 2022 na notificação de gonorreia, mas os países com crescimentos superiores a 50% foram Portugal, Espanha Bulgária, Chipre, Estónia, Finlândia, Irlanda, Itália, Letónia, Liechtenstein, Noruega e Polónia.

Também a notificação de casos de clamídia subiu em Portugal, de 914 casos em 2021 para 1.501 casos em 2022, e em 27 países da UE/EEE foram notificados 216.508 casos confirmados de infeção por clamídia em 2022, com uma taxa bruta de notificação de 88 casos por 100.000 habitantes, mais 16% do que a taxa de 2021.

A maioria destas notificações de clamídia refere-se a mulheres com idades entre os 20 e os 24 anos, apesar de, entre 2018 e 2022, o número de casos de clamídia notificados como transmissão entre homens que fazem sexo com homens (HSH) aumentar 72%.

Também a sífilis aumentou em Portugal, de 1.144 casos notificados em 2021 para 1.534 em 2022, tendo em 29 países da UE/EEE sido registados 35.391 casos confirmados de sífilis, dando uma taxa bruta de notificação de 8,5 casos por 100.000 habitantes.

O relatório da ECDC mostra a taxa mais elevada de casos de sífilis em Malta (24,4 casos por 100 000 habitantes), seguida pelo Luxemburgo (23,4), Irlanda (16,6), Espanha (16,6), Liechtenstein (15,3) e Portugal (14,8), e taxas de menos de três casos por 100.000 habitantes na Croácia, Estónia, Letónia, Roménia e Eslovénia.

A ECDC alerta ainda para aumentos dos casos de linfogranuloma venéreo (LGV), que em Portugal subiu de 55 casos em 2021 para 63 casos em 2022, e de sífilis congénita (causada pela transmissão da mãe para o feto), que em Portugal não aumentou e caiu de 15 casos em 2021 para 14 em 2022.

O “aumento significativo” do número de casos de IST notificados em 2022, face ao ano anterior, com os casos de gonorreia a aumentar 48%, os de sífilis 34% e os de clamídia 16%, sublinham a necessidade “urgente de medidas imediatas” para prevenir novas transmissões e mitigar o impacto das IST na saúde pública, diz a ECDC.

Na sua opinião, os dados revelam uma “necessidade premente” de maior sensibilização para a transmissão de IST e uma necessidade de melhorar a prevenção, o acesso a testes e o tratamento para enfrentar este desafio de saúde pública.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Denis Gabriel: “Cada Minuto Conta” na Luta Contra o AVC

Num exclusivo Healthnews, o neurologista Denis Gabriel, membro da Direção da SPAVC, traça o retrato do AVC em Portugal. Dos avanços na trombectomia aos erros comuns no reconhecimento de sintomas, da urgência temporal crítica aos fatores de risco modificáveis, o especialista desmonta a doença e deixa um alerta: “Cada Minuto Conta”. Uma conversa essencial sobre a principal causa de morte no país.

Menezes exige esclarecimentos à ministra da Saúde sobre futuro da ULS Gaia/Espinho

O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, desafiou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a esclarecer os planos para a ULS Gaia/Espinho, manifestando oposição a eventuais medidas de desvalorização da oferta de saúde. Em publicação nas redes sociais, o autarca alertou para a necessidade de tranquilizar autarcas, profissionais e cidadãos, sublinhando a importância de valorizar o maior centro hospitalar a sul do Porto.

Médicos aderem à greve geral em defesa do SNS e contra pacote laboral

Os médicos representados pela Fnam vão parar a 11 de dezembro, juntando-se à greve geral convocada contra as medidas do Governo. A decisão, tomada por unanimidade no congresso da federação, enquadra-se numa luta mais ampla por melhores salários e condições, bem como na defesa intransigente de um SNS público. A presidente da organização criticou veementemente a visão da ministra da Saúde

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights