De acordo com o Relatório de Vigilância e Monitorização da Tuberculose em Portugal 2022 da Direção-Geral da Saúde (DGS), verificou-se “um aumento na taxa de incidência comparativamente a 2021 (6,1 casos por 100.000 crianças dos zero aos cinco anos) e a 2020 (4,8 casos por 100.000 crianças).
Oito das crianças (25%) com tuberculose notificadas neste grupo etário estavam vacinadas com BCG, refere o documento publicado pelo Programa Nacional para a Tuberculose (PNT) da DGS e que é apresentado hoje no encontro promovido pela DGS “Tuberculose: uma doença atual” para assinalar o Dia Mundial da Tuberculose, que se comemora a 24 de março.
A maioria dos casos de tuberculose ocorreu em crianças portuguesa (81,3%), registando-se também casos em crianças provenientes do Brasil, Alemanha, Angola, França e Uzbequistão
A diretora do PNT, Isabel Carvalho, ressalvou que, apesar do aumento de incidência, são “números pequenos” e realçou o facto de não haver “nenhum caso de tuberculose meníngea” que é o propósito da vacina BCG.
“Temos dois casos de tuberculose disseminada que também é uma forma grave de doença, mas o que o que eu acho relevante é que continuam a existir crianças com tuberculose, crianças mais novas, abaixo dos seis anos, com tuberculose e com a vacinação com BCG”, disse Isabel Carvalho.
A responsável explicou que o acontece é que o adulto com tuberculose “demora a ser diagnosticado” e acaba por infetar mais facilmente os que são mais suscetíveis e entre esses estão as crianças abaixo dos seis anos, que podem desenvolver a infeção com menos tempo de exposição.
“Têm maior probabilidade de evoluir para doença ativa (…) e é por isso que as crianças são prioritárias se tiverem a exposição à tuberculose. Prioritárias no seu rastreio e prioritárias a iniciarem tratamento preventivo, independentemente de estarem ou não infetadas”, salientou.
Segundo o relatório, os distritos de Lisboa e do Porto foram os que registaram a maior proporção de casos de tuberculose neste grupo etário (43,8% e 25%, respetivamente).
Os distritos de Aveiro e Viana do Castelo foram os terceiros mais afetados com 12,5% dos casos.
No grupo etário dos 6 aos 14 anos, foram notificados 19 casos de tuberculose em 2022, correspondendo a uma taxa de incidência de dois casos por 100.000 crianças, sendo que seis estavam vacinadas com BCG (31,6%).
Relativamente à distribuição geográfica, o distrito de Lisboa registou o maior número de casos (9), seguindo-se os distritos de Porto (4), Setúbal, Faro e Viseu.
“A localização pulmonar foi a forma de doença mais frequente (57,9%), seguindo-se a forma linfática (26,3%)”, salienta o documento.
Neste grupo etário, também a maioria dos casos (63,2%) ocorreu em crianças nascidas em Portugal. Relativamente às crianças com outro país de origem, encontrou-se proveniência do Brasil, Guiné-Bissau, Índia, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
No total, as crianças e adolescentes com idade inferior a 15 anos representaram 3,3% do total de casos de tuberculose ocorridos em Portugal em 2022 (1.518).
O PNT assume como estratégias prioritárias concentrar doentes graves e complexos em consultas de tuberculose de referência, melhorando o prognóstico e reduzindo a morbilidade e mortalidade.
Incluem-se ainda como estratégias a promoção de ações de formação em tuberculose dirigidas às comunidades e profissionais de saúde, e da articulação entre os diferentes níveis de cuidados de saúde – saúde pública, cuidados de saúde primários e cuidados hospitalares – para melhor eficácia e respeito pelo cidadão envolvido, refere a DGS.
LUSA/HN
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