“Não estamos longe de chegar a um acordo”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no final das negociações na sede da organização, em Genebra, salientando: “um acordo é um instrumento que salva vidas e não apenas um pedaço de papel”.
Os 194 países-membros da OMS decidiram elaborar um texto vinculativo para evitar a repetição dos erros, mortais e dispendiosos, cometidos durante a gestão catastrófica da pandemia da Covid-19, que deixou claro até que ponto o mundo estava mal preparado para lidar com uma crise sanitária.
A nona e última ronda de negociações começou a 18 de março e terminou na quinta-feira sem um texto final, ao fim de dois anos de negociações.
As discussões começaram em fevereiro de 2022, para que o texto fosse formalmente adotado na próxima Assembleia Mundial da Saúde, a 27 de maio.
Mas, com o trauma da pandemia já a desvanecer-se, continuam a existir grandes pontos de discórdia, com o projeto de acordo ainda repleto de redações provisórias e possíveis alternativas.
As discussões tornaram-se ainda mais difíceis por os membros da OMS estarem habituados a chegar a acordos por consenso, encontrando pontos comuns, procedimento que normalmente demora muitos anos.
No entanto, a possibilidade de um acordo não está completamente morta e os países devem decidir se concedem a si próprios dias adicionais de negociações, de 29 de abril a 10 de maio.
A mesa do grupo intergovernamental de negociação, que conduz as conversações, vai elaborar um novo projeto de texto, o mais tardar até 18 de abril, e vai tentar concluir as discussões até 05 de maio.
Os grupos de trabalho advertiram que a pressão para chegar a um acordo podia resultar num texto diluído que pouco faria para tornar o mundo mais seguro do que era antes da Covid-19.
As principais questões ainda em discussão incluem o acesso a agentes patogénicos emergentes, melhor prevenção e vigilância de epidemias, financiamento fiável e transferência de tecnologia para os países mais pobres.
O nacionalismo e o egoísmo da vacinação, a falta de equipamento de proteção, a exposição e a exaustão dos profissionais de saúde, a doação de stocks de soros quase caducos pelos países ricos aos países pobres, a pretexto de solidariedade, são apenas algumas das muitas disfunções mostradas na última pandemia.
Na opinião dos especialistas, a China também chegou demasiado tarde, em dezembro de 2019, à partilha de informações sobre a Covid-19.
Já este semana, Ghebreyesus alertou que sem um acordo o mundo verá “as mesmas desigualdades, a mesma falta de coordenação, a mesma perda evitável de vidas e meios de subsistência, e a mesma convulsão social, económica e política”, tal como aconteceu com a Covid-19.
LUSA/HN
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