ULS de Entre Douro e Vouga com orçamento de 280 ME e foco na medicina preventiva

2 de Abril 2024

A Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga (ULS EDV), sediada no hospital de Santa Maria da Feira, tem para este ano um orçamento de 280 milhões de euros, anunciando hoje um novo foco na medicina preventiva.

Em causa está o novo modelo local de gestão de unidades de saúde que, desde 01 de janeiro, agrega, por um lado, as unidades do anterior Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga, nomeadamente os hospitais da Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira e, por outro, os vários agrupamentos de centros de saúde dos cinco municípios da região, que também abarca Arouca e Vale de Cambra – sempre no distrito de Aveiro e na Área Metropolitana do Porto.

No total, a nova ULS EDV gere três hospitais, quatro serviços de urgência (porque o Centro de Saúde de Arouca também dispõe de um) e 57 unidades funcionais distribuídas por 42 edifícios (como centros e extensões de saúde, unidades de saúde familiar, unidades especializadas em enfermagem e unidades de saúde pública).

Miguel Paiva, que já antes dirigia os três hospitais da região e dispunha para isso de 140 milhões de euros anuais, passa agora a assumir também a administração das outras 57 unidades, revelando à agência Lusa que o seu orçamento duplicou.

“Os 280 milhões de euros da ULS são para gerir tudo o que respeita aos hospitais, sejam recursos físicos, técnicos ou humanos, e para administrar o resto da rede no que se refere a profissionais e equipamentos. Nos edifícios mais pequenos, como os centros de saúde, a manutenção dos espaços físicos não compete à ULS, mas sim às câmaras municipais, que assumiram essa responsabilidade no âmbito da transferência de competências”, explicou.

A adaptação ao novo modelo de gestão “está a correr bem” e vem implicando sobretudo “muito diálogo com as diferentes estruturas da ULS”, para uniformização de “uma cultura organizacional que, nas unidades de cuidados primários, era até aqui muito diferente da que vigorava nos hospitais”.

“A realidade é que os hospitais estão muito vocacionados para o uso da urgência, por exemplo, enquanto os centros de saúde estão mais direcionados para a atividade programada”, notou Miguel Paiva.

O desafio maior é agora garantir “a integração completa e adequada do processo clínico do doente em todas as estruturas de saúde” da região, evitando redundâncias nos cuidados e na assistência, e assegurando que, a qualquer momento, independentemente da unidade a que se desloque, o utente está identificado no sistema com tudo o que é relevante sobre a sua situação, de forma “atualizada e integrada”.

“O objetivo é que seja tratado na rede primária tudo o que o médico de família tem competência para tratar e que fique para os hospitais tudo o que concerne à agudização ou a manifestações severas da doença”, disse o administrador.

Essa estratégia permitirá libertar recursos para reforço da medicina de prevenção e Miguel Paiva aponta já três áreas a desenvolver nessa perspetiva, começando pelo projeto “Primus”, que, monitorizando cientificamente a relação entre a atividade física e a saúde cardiovascular, começou por ser testado nas escolas de São João da Madeira e agora a ULS EDV quer replicar nos outros quatro concelhos da região.

Também para garantia de melhor condição física geral, a ULS colaborou na definição do novo Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Oliveira de Azeméis e propõe-se fazer o mesmo com as outras autarquias que pretendam incentivar o usufruto pedonal das suas cidades, com a vantagem acrescida de reduzir as emissões carbónicas associadas ao uso do automóvel.

Uma terceira intenção é aumentar a oferta geográfica da consulta de dentista: “Ainda só temos cinco centros de saúde com este serviço, o que é uma cobertura relativamente pequena para a dimensão do nosso território, e queremos alargá-lo a mais unidades, aumentando também a diversidade de tratamentos disponíveis, para que a consulta não se limite praticamente a limpezas dentárias e também possa abranger tratamentos como os de ortodontia, que é uma área fundamental da saúde oral”.

LUSA/HN

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