O estudo, denominado SocialBabyBrain, pretende contribuir para identificar marcadores neuronais que possam, futuramente, ajudar a identificar precocemente crianças que apresentem maior risco de dificuldade na interação social e na comunicação.
Liderada por uma equipa do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, a investigação passa por identificar as áreas cerebrais dos bebés que são mais ativadas e se relacionam posteriormente com o desenvolvimento social e da linguagem.
Financiado com cerca de 250 mil euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o projeto decorre até 2026 e começa na próxima semana, com a participação de bebés e dos seus familiares ainda aberta a eventuais interessados.
Segundo a UC, podem participar famílias residentes em Coimbra ou arredores, com bebés até aos 09 meses de idade, cuja colaboração com o estudo será efetivada em três vezes, aos 10, 13 e 24 meses de idade do bebé, tendo cada sessão a duração estimada de pouco mais de uma hora.
Citada na nota, Vera Mateus, investigadora do CINEICC e coordenadora do projeto, explicou que a “atenção partilhada”, ou seja, a forma como os bebés coordenam com um adulto a sua atenção em relação a um objeto, “é um marco importante na forma como compreendem o mundo social que os rodeia”.
“Conhecer os mecanismos cerebrais subjacentes ao desenvolvimento desta habilidade de interação social pode ajudar a identificar precocemente padrões comportamentais e neuronais que constituem maior risco para dificuldade na interação social e comunicação com os outros”, adiantou.
Na prática, o estudo incorpora várias atividades de interação com os bebés, tendo como base momentos de brincadeira: “Eles vão realizar algumas brincadeiras com uma investigadora da equipa, usando alguns brinquedos”, disse Vera Mateus.
Num desses momentos, a criança usará uma touca elástica com sensores – uma técnica que a coordenadora garantiu ser “não invasiva e totalmente segura”, e que regista a ativação do cérebro do bebé, permitindo perceber quais as áreas mais ativas durante a experiência.
O estudo contempla ainda “um momento de brincadeira entre a mãe e o bebé e alguns questionários para conhecer a família e o bebé”.
Depois, a partir da recolha de dados comportamentais e de neuroimagem, e para além de investigar mudanças ao longo do tempo no cérebro dos bebés, o projeto poderá “explicar diferenças individuais em habilidades sociocomunicativas que surgem mais tarde, como a linguagem e a competência social”, vincou Vera Mateus.
Por outro lado, os resultados do estudo poderão ainda ser utilizados por programas de intervenção precoce, direcionados a pais e profissionais de saúde e de educação, “que lidem com crianças desta faixa etária, com a finalidade de promover trajetórias de desenvolvimento mais positivas”.
O projeto SocialBabyBrain conta ainda com a participação de mais duas investigadoras do CINEICC (Ana Ganho Ávila e Mónica Sobral), Sara Cruz, da Universidade Lusíada do Porto, e Ana Osório, investigadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie (São Paulo, Brasil).
De acordo com a nota da UC, as famílias com bebés da zona de Coimbra que tenham interesse em participar ou receber mais informações sobre o estudo podem inscrever-se através do endereço socialbabybrain@gmail.com.
LUSA/HN
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