Atendendo ao profundo desconhecimento e tabu associado à menopausa, a Medis promoveu esta quarta-feira um debate sob o mote “Dar ouvidos e voz à Menopausa”. Na sessão foram discutidos os resultados do estudo “Saúde e Bem-estar das Mulheres: um potencial a alcançar”.
O estudo, que decorreu entre janeiro de 2022 e março de 2024, contou com a participação de mais de 700 mulheres, das quais 245 com idades entre os 45 e os 60 anos.
As conclusões do estudo alertam para o profundo desconhecimento, falta de preparação e impacto psicológico e emocional sentido por parte destas mulheres.
Em declarações ao HealthNews, a presidente da Associação Portuguesa de Menopausa sublinhou que “as mulheres quando lidam com a menopausa têm um profundo desconhecimento, que depois resulta em medo. Estas mulheres pensam: será que vou saber lidar com a menopausa, será que vai tirar-me qualidade de vida? São muitas as dúvidas que surgem. Uma mulher que de repente começa a ter hemorragias abundantes, que deixa de dormir, que começa a ter esquecimentos súbitos… Começa a achar que está doente.”
Segundo Cristina Mesquita, “há pouca informação sobre o assunto. Não há informação validada sobre menopausa de mulher para mulher. A informação que existe é informação que é preparada por profissionais de saúde que falam como se estivessem a falar para os colegas… Todos sabemos que estes profissionais precisam de legendas para percebermos do que falam.”
Apesar dos medos associados à menopausa, Cristina Mesquita garante que “nem tudo é mau”. “Foi a minha menopausa que me pôs a escrever um livro, a fundar a associação, a falar com o Presidente da República e o ministro da Saúde. Portanto, não é tudo negativo. A menopausa não é uma doença, é um estado da vida e um processo que faz parte da saúde da mulher”, frisou.
Para muitas mulheres a menopausa pode ser um sinal de envelhecimento, tendo um forte impacto a nível psicológico e emocional.
A professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa e coordenadora da pós-graduação de Psicologia Aplicada, Helena Marujo, destaca que “do ponto de vista psicológico, os sinais da menopausa trazem efeitos muito complicados. Um dos principais tem a ver com a experiência emocional. Muitas mulheres sentem ansiedade e preocupação. A identidade, as emoções e a qualidade das relações podem ser afetadas.”
Helena Marujo afirma que existem aspetos culturais e sociais que “impactam profundamente a leitura que algumas mulheres podem fazer deste processo”, defendendo, por isso, a promoção de “atividades diárias com emoções positivas para a experiência da mulher”.
“Quando nos sentimos bem, o nosso corpo produz substâncias químicas associadas ao bem-estar (as endorfinas, as oxitocinas, a serotonina e a dopamina). Tudo isto nos ajuda a lidar melhor com o stress, a inquietação, o medo e a preocupação”, frisou.
Em Portugal, cerca de um milhão e duzentas mil mulheres passam hoje pelo processo da Menopausa, o equivalente a 12% da população.
HN/VC
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