Ainda hoje, apesar de toda a informação disponibilizada, uma cirurgia constitui uma experiência muito particular, dependendo dos valores e crenças de quem vivencia essa mesma experiência. Muitas vezes está presente o medo do desconhecido, assim como o medo da anestesia e do risco de morte, pois para muitos, o Bloco Operatório é um ambiente desconhecido e hostil, que representa a sua separação dos respetivos entes familiares.
Com o objetivo de melhorar o atendimento à pessoa submetida a cirurgia, surge a consulta pré-operatória de enfermagem. Esta inclui um conjunto de ações que visam conhecer a pessoa, considerando todas as suas necessidades e expetativas, podendo, assim, haver um planeamento dos cuidados pré, intra e pós-operatórios de forma individualizada e uma transição de cuidados eficaz entre os profissionais de saúde.
É através dessa consulta que o enfermeiro estabelece uma relação empática com a pessoa e respetiva família, avaliando as suas necessidades, esclarecendo dúvidas e receios e desmistificando o Bloco Operatório. Ao promover uma relação empática na interação, possibilita o estabelecimento de uma parceria no planeamento dos cuidados, envolvendo a família ou pessoa de referência nesse processo. O empenho do enfermeiro permite minimizar o impacto negativo originado pela experiência perioperatória e ao diminuir a ansiedade e preparar a pessoa para a experiência cirúrgica, contribui de modo significativo para o sucesso de todas as fases que compõem este processo, facilitando, assim, a recuperação da pessoa.
Nesta intervenção, no período pré-operatório, deve também ser privilegiada a educação da pessoa, fornecendo todas as informações e esclarecimentos dos procedimentos a que vai ser submetido para que a pessoa se familiarize com a situação, contribuindo deste modo, para uma recuperação mais rápida e eficaz. Vários estudos concluíram que a prática educativa potencia benefícios na diminuição da ansiedade, da dor, na rapidez da recuperação e no aumento da autoestima.
A implementação da consulta pré-operatória constitui um elemento importante na organização dos cuidados de enfermagem, pois proporciona a existência de um sistema de registos que inclui as necessidades de cuidados de enfermagem por parte da pessoa, as intervenções realizadas e os resultados sensíveis a essas intervenções, possibilitando uma transição de cuidados eficaz entre os vários profissionais.
A garantia de uma transição segura de cuidados implica o planeamento precoce da alta, a participação das pessoas e famílias, a partilha de informação e a responsabilização de todos os intervenientes. O enfermeiro deve assegurar que a pessoa e família saem do hospital bem preparadas e apoiadas, possibilitando uma boa transição dos cuidados entre os profissionais, cuidadores e serviços de saúde.
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