Zhang Yongzhen disse nas redes sociais que as autoridades “concordaram provisoriamente” em permitir que ele e a sua equipa regressassem ao laboratório e continuassem a investigação.
Zhang realizou um protesto no exterior do laboratório, desde o fim de semana, depois de ele e a equipa terem subitamente recebido ordem de despejo, um sinal da pressão contínua de Pequim sobre os cientistas que investigam a origem do coronavírus.
O Centro Clínico de Saúde Pública de Xangai disse anteriormente que o laboratório de Zhang estava a ser renovado e que tinha sido encerrado por razões de segurança. Mas Zhang disse que só foi oferecida uma alternativa à sua equipa depois do despejo e que o novo laboratório não cumpria as normas de segurança para a realização das suas investigações.
Quando Zhang tentou ir ao laboratório durante o fim de semana, os guardas impediram-no de entrar. Em sinal de protesto, sentou-se no exterior, em cima de um cartão achatado, sob uma chuva torrencial, como mostram fotografias publicadas na Internet.
Uma investigação da Associated Press revelou que o Governo chinês congelou os esforços nacionais e internacionais significativos para rastrear o vírus desde as primeiras semanas do surto. Isto permanece até hoje, com laboratórios fechados, colaborações destruídas, cientistas estrangeiros expulsos e investigadores chineses impedidos de sair do país.
A provação de Zhang começou quando ele e a sua equipa descodificaram o vírus em 05 de janeiro de 2020 e escreveram um aviso interno alertando as autoridades chinesas para o seu potencial de propagação – mas não tornaram a sequência pública.
No dia seguinte, o laboratório de Zhang recebeu ordens de encerramento temporário por parte da principal entidade responsável pela saúde na China e Zhang passou a estar sob pressão das autoridades chinesas.
Nessa altura, a China informou que várias dezenas de pessoas estavam a ser tratadas devido a infeção por uma doença respiratória, na cidade central de Wuhan. Em Hong Kong, na Coreia do Sul e em Taiwan, tinham sido registados possíveis casos da mesma doença, envolvendo viajantes recentes para a cidade.
Cientistas estrangeiros não tardaram a saber que Zhang e outros cientistas chineses tinham decifrado o vírus e apelaram à sua publicação. Zhang publicou a sua sequência do coronavírus em 11 de janeiro de 2020, apesar da falta de autorização.
A sequenciação de um vírus é fundamental para o desenvolvimento de testes, medidas de controlo de doenças e vacinas. O vírus acabou por se propagar a todos os cantos do mundo, desencadeando uma pandemia que perturbou a vida e o comércio, provocou confinamentos generalizados e matou milhões de pessoas.
LUSA/HN
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