Especialistas alertam para importância da higienização das mãos no controlo das infeções

8 de Maio 2024

A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar promoveu esta terça-feira, em parceria com a FDC Consulting, uma sessão online dedicada ao impacto da higienização das mãos na prevenção das infeções. 

O webinar “A evidência da higiene das mãos para controlo da infeção” teve como objetivo partilhar e promover as boas práticas da higienização das mãos. No debate, os especialistas salientaram que se trata de uma ação fundamental para evitar a propagação de germes nocivos nos cuidados de saúde.

A sessão contou com a participação de Inês Leitão, Assistente Hospitalar de Doenças Infeciosas da Unidade Local do PPCIRA da ULS Santa Maria; Isabel Veloso, enfermeira da ULS de Braga; Helena Noriega, da equipa alargada da Direção-Geral da Saúde para o projeto “Estratégia Multimodal das PBCI” e Andreia Cavaco, Gestora de Projetos no Institute for Healthcare Improvement.

A evidência da Ciência 

A evidência científica sobre a importância da higienização das mãos foi o tema abordado pela Assistente Hospitalar de Doenças Infeciosas da ULS Santa Maria. “A higienização das mãos é considerada, por diversos estudos e pelas maiores organizações de saúde, como a medida que isoladamente é mais eficaz na prevenção da transmissão de microrganismos causadores de infeção nos cuidados de saúde. Este é um dos motivos pelos quais é tão importante falar sobre este tema”, disse.

Segundo Inês Leitão, as más práticas de higiene são fatores de risco importantes para o desenvolvimento de microrganismos resistentes. “As infeções provocadas por este tipo de microrganismos é mais difícil de tratar”, alertou.

A especialista aproveitou, assim, para frisar que a melhoria dos procedimentos de higienização das mãos contribui e potencia outras medidas, como o uso racional de antibióticos.

Na sua intervenção, Leitão chamou a atenção para alguns momentos em que a higienização é fundamental nas instituições de saúde. Estes momentos são: sempre que as mãos estejam visivelmente sujas; antes e depois da utilização das luvas; antes e após o contacto com o doente e após a exposição de fluidos orgânicos.

A Assistente Hospitalar de Doenças Infeciosas reforçou que as palmas, as pontas dos dedos e os polegares são os locais mais importantes de higienização.

Há ou não adesão a estas práticas nas nossas instituições?

O trabalho feito pelas autoridades e instituições nacionais no âmbito da higienização das mãos foi o foco da intervenção da enfermeira Helena Noriega. A oradora destaca que todos os anos a Direção-Geral da Saúde se associa às iniciativas e campanhas promovidas pela Organização Mundial da Saúde.

No que toca à adesão registada nas unidades de saúde, a especialista revelou que o número de unidades de saúde que realiza a avaliação da higienização das mãos tem aumentado de forma constante. Enquanto que em 2009 98 unidades de saúde tinham realizado esta avaliação, em 2023 o número subiu para as 181 unidade de saúde.

Sobre as más práticas, Noriega alertou para a falsa sensação de segurança das luvas. “Confirmamos que têm sido um problema crescente nas instituições de saúde (…) A má utilização é facilitadora da transmissão de microrganismos”, disse. A enfermeira lembrou que o uso de luvas não substitui a higiene das mãos.

Coube a Isabel Veloso abordar as melhores estratégias para melhorar a adesão dos profissionais de saúde à higienização das mãos.

A enfermeira destacou medidas como gamificação, treino de simulação e programas de literacia.

Uma visão internacional

Sob um ponto de vista internacional, Andreia Cavaco, Gestora de Projetos no IHI, realça o trabalho feito pela organização na área da promoção da saúde. A especialista abordou algumas iniciativas, projetos e modelos desenvolvidos pelo instituto, tendo destacado o Stop Infeção Hospitalar 2.0.

O projeto surgiu no âmbito Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências a Antimicrobianos, da Direção-Geral da Saúde (PPCIRA/ DGS), em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e que contou com o apoio técnico-científico do Institute for Health Improvement.

De acordo com Andreia Cavaco, o Stop Infeção Hospitalar 2.0 permitiu reduzir em mais de 50 por cento a incidência de quatro infeções cujo combate foi considerado prioritário: a associada à algaliação; a relacionada com o cateter vascular central; a proveniente da intubação; e a associada à ferida operatória.

HN/VC

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