Coordenadores dos centros de saúde Porto Ocidental pedem alteração ao modelo de ULS

13 de Maio 2024

Coordenadores dos centros de saúde Porto Ocidental, integrados na Unidade Local de Saúde (ULS) de Santo António, querem que o modelo implementado pela Direção-Executiva do SNS seja alterado, porque “não serve os utentes, os profissionais e a gestão”.

“Consideramos que a generalização do modelo de ULS, sendo aplicado transversalmente a todo o país e da forma como está a ser realizada, além de pôr em causa todo este percurso, não serve os utentes, os profissionais e a gestão”, afirmam quase três dezenas de profissionais numa carta dirigida à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, a que a Lusa teve hoje acesso.

Em causa está a junção, em ULS, dos cuidados de saúde primários (CSP) e dos centros hospitalares, medida levada a cabo pela Direção-Executiva do SNS liderada por Fernando Araújo, que apresentou a demissão em 23 de abril em conjunto com a sua equipa.

Na carta, que também seguiu para ordens profissionais e associações do setor da saúde, os coordenadores do ex-agrupamento de centros de saúde Porto Ocidental, atual ULS Santo António, manifestam “preocupações” e “constrangimentos” com o novo modelo e propõem alternativas.

Os coordenadores falam em “gestão verticalizada com efetiva perda de autonomia dos CSP” e referem que o novo modelo de gestão que “centralizou serviços e recursos nas ULS aumentou a burocracia e reduziu a capacidade de decisão aos CSP, prejudicando a sua resposta rápida e adequada às necessidades locais”.

“A estrutura de gestão da ULS introduziu múltiplos níveis de decisão, dificultando a comunicação e diminuindo significativamente a capacidade de resposta dos CSP com impacto negativo nos cuidados prestados aos utentes”, acrescentam.

Para os signatários desta carta, “a criação de instituições gigantescas” acarreta um “risco de despersonalização e desumanização dos cuidados de saúde”, ao qual acresce o “risco de alocação inadequada de recursos” por “desconhecimento das realidades locais”.

“Não existe um plano de integração de cuidados partilhado e não se conhecem iniciativas nesse sentido. A integração de cuidados não pode ser efetuada por decreto, sobretudo quando existe uma perceção dos profissionais de que a mudança não traz valor acrescentado, pelo contrário”, acrescentam.

Na carta, estes profissionais também se manifestam preocupados com a “secundarização dos CSP face aos cuidados secundários hospitalares”, algo que dizem estar refletido na “desproporcional composição do conselho de administração das ULS com apenas um elemento dos CSP”.

“Consideramos que a adoção de um modelo de ACeS com autonomia (…) em que existisse partilha de recursos de nível regional que possibilitasse economias de escala, representaria um passo significativo em direção a um modelo organizacional maia adaptativo, autónomo e focados nas necessidades locais e dos cidadãos”, concluem.

O novo modelo organizativo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) entrou em vigor em 01 de janeiro.

A reestruturação, que na prática se traduz na integração numa só estrutura dos centros de saúde e dos hospitais, tirando os especializados como centros de oncologia, foi ditada pelo decreto-lei 102/2023, de 07 de novembro.

A ULS de Santo António junta o Centro Hospitalar Universitário de Santo António com os ACeS do Grande Porto II (Gondomar) e do Grande Porto V (Porto Ocidental).

LUSA/HN

1 Comment

  1. Maria Joao Viana

    Concordo plenamente

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group

Rui Afonso é o novo partner da ERA Group, consultora especializada em otimização de custos e processos para as empresas. Com mais de 25 anos de experiência em gestão de negócios, vendas e liderança de equipas no setor dos dispositivos médicos, reforça agora a equipa da ERA Group em Portugal, trazendo a sua abordagem estratégica, motivação e paixão pelo setor da saúde. 

Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte lança “Ritmo Anárquico”, programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular

A Fundação Portuguesa de Cardiologia – Delegação Norte vai lançar a campanha “Ritmo Anárquico”, um programa de rastreios gratuitos à fibrilação auricular na região norte do País. A iniciativa vai arrancar na sede da Fundação Portuguesa de Cardiologia, no Porto, no dia 4 de abril, com rastreios a decorrer entre as 10h00 e as 13h00 e as 14h00 e as 17h00.

Fórum da Saúde Respiratória debate a estratégia para a DPOC em Portugal

Com o objetivo de colocar as doenças respiratórias como uma prioridade nas políticas públicas de saúde em Portugal, terá lugar no próximo dia 9 de abril, das 9h às 13h, no edifício Impresa, em Paço de Arcos, o Fórum Saúde Respiratória 2025: “Doenças Respiratórias em Portugal: A Urgência de Uma Resposta Integrada e Sustentável”.

Gilead, APAH, Exigo e Vision for Value lançam 4ª Edição do Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem

O Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem anuncia o início da sua 4ª edição, reforçando o compromisso com a promoção da cultura de Value-Based Healthcare (VBHC) em Portugal. Esta edição conta com um novo parceiro, a Vision for Value, uma empresa dedicada à implementação de projetos de VBHC, que se junta à Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), EXIGO, Gilead Sciences, e ao parceiro tecnológico MEO Empresas.​

Medicamento para o tratamento da obesidade e único recomendado para a redução do risco de acontecimentos cardiovasculares adversos graves já está disponível em Portugal

O Wegovy® (semaglutido 2,4 mg), medicamento para o tratamento da obesidade, poderá ser prescrito a partir do dia 1 de abril de 2025 em Portugal, dia em que a Novo Nordisk iniciará a sua comercialização e abastecimento aos armazenistas. O Wegovy® estará disponível nas farmácias portuguesas a partir do dia 7 de abril.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights