Mortes por overdose diminuíram nos EUA pela primeira vez desde 2018

16 de Maio 2024

O número de mortes por overdose de drogas diminuiu em 2023 nos Estados Unidos pela primeira vez desde 2018, mas o país ainda lamenta mais de 100.000 mortes por ano, a maioria associadas ao opiáceo sintético fentanil.

Esta primeira descida em cinco anos é “uma notícia encorajadora para a nossa nação e mostra que estamos a fazer progressos”, frisou Deb Houry, diretora médica dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

Mas estes dados “não significam que cumprimos a nossa missão”, acrescentou.

Esta tendência “deve encorajar-nos a intensificar os nossos esforços, sabendo que as nossas estratégias estão a funcionar”, vincou.

Os EUA registaram cerca de 107 mil mortes por overdose no ano passado, em comparação com mais de 111 mil em 2022, uma queda de 3%, segundo números provisórios anunciados pelas autoridades de saúde norte-americanas.

O principal culpado da atual crise de overdose nos Estados Unidos é o fentanil, um opiáceo sintético extremamente poderoso e viciante que começou a inundar o mercado de drogas há cerca de uma década.

O número de mortes relacionadas com o fentanil diminuiu de mais de 76.000 em 2022, para pouco menos de 75.000 no ano passado.

“Muitos fatores provavelmente desempenham um papel” neste declínio, realçou à agência France-Presse (AFP) Joseph Friedman, investigador especializado neste assunto na Universidade UCLA, na Califórnia.

Como causas para a melhoria dos números está “a intensificação dos tratamentos contra a dependência” e “o aumento do acesso à naloxona”, antídoto que permite ressuscitar uma vítima de overdose de opiáceos, adiantou.

Outra explicação pode ser “a propagação do fentanil”, tendo agora “esgotado todos os novos locais para se estabelecer”, acrescentou.

No entanto, de acordo com dados dos CDC, as mortes por overdose envolvendo cocaína ou estimulantes como a metanfetamina aumentaram.

Registaram-se também fortes disparidades regionais, com quebra nas mortes, de 15% ou mais, observada nos estados de Nebraska, Kansas e Maine e um aumento de pelo menos 27%, pelo contrário, nos estados de Washington, Alasca e Oregon, todos localizados no oeste do país.

“Embora a aparente estabilização do número de mortes em comparação com os aumentos anteriores seja encorajadora, não há indicação de que os fatores estruturais fundamentais desta crise tenham mudado significativamente”, alertou Joseph Friedman.

“São necessários esforços contínuos para encorajar as pessoas expostas ao fentanil a estabilizarem com opioides mais seguros, como a metadona ou a buprenorfina”, que podem ser obtidos mediante receita médica, frisou.

Na primavera de 2023, a agência dos Estados Unidos para a alimentação e os medicamentos (FDA, na sigla em inglês autorizou pela primeira vez a venda sem receita médica de naloxona, na forma de spray nasal conhecido pela marca Narcan.

A crise dos opiáceos começou na década de 1990 nos Estados Unidos com a prescrição excessiva de opiáceos fornecidos à população através do sistema de saúde, especialmente para tratar a dor.

Quando os Estados Unidos começaram a regular drasticamente o acesso, parte da população mudou para a heroína, levando a um rápido aumento nas mortes relacionadas com esta droga a partir de 2010.

A terceira vaga começou em 2013, com um aumento vertiginoso de mortes envolvendo opiáceos sintéticos, incluindo o fentanil.

Atualmente, fentanil é cada vez mais “misturado com estimulantes”, segundo Joseph Friedman, que acredita que esta tendência marca o início de uma quarta vaga.

LUSA/HN

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