Doenças preveníveis por vacinação na idade adulta têm impacto anual estimado de 245 ME

23 de Maio 2024

A despesa com doenças que podem ser prevenidas através da vacinação na idade adulta os 245 milhões de euros em Portugal. Esta é a principal conclusão da análise "O impacto económico e social inerente às doenças preveníveis por vacinação no adulto" desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Desenvolvida pelos investigadores Henrique Vasconcelos e José Miguel Diniz com o apoio de Julian Perelman, a análise teve como objetivo quantificar o impacto económico para o sistema de saúde e para a sociedade decorrentes de infeção, em idade adulta, provocadas por um conjunto de doenças para as quais existem vacinas disponíveis.

Na falta de evidência recente para o contexto nacional, foi feita uma estimativa baseada na extrapolação direta dos custos quantificados em vários países da UE (Itália, França, Bélgica, Espanha), assumindo uma proporcionalidade da despesa em saúde. Nesta simulação, estima-se que em Portugal sejam gastos mais de 245 milhões de euros com custos de hospitalização, ambulatório e perdas de produtividade associados à gripe, ao herpes zoster, ao vírus sincicial respiratório (VSR), à doença pneumocócica e ao vírus do papiloma humano (HPV). Todas estas, juntamente com a COVID-19, têm em comum o facto de serem doenças preveníveis por vacinação na idade adulta.

No entanto, existem doenças que ainda não têm qualquer resposta ao nível do Programa Nacional de Vacinação (PNV), como é o caso do Vírus Sincicial Respiratório, da Doença Pneumocócica e do Herpes Zoster que representam mais de 55 milhões de euros para o país.

Perante os dados apresentados, e tendo em consideração as perspetivas de evolução demográfica (uma população mais envelhecida) e epidemiológica (uma sociedade mais globalizada, com menos barreiras de circulação, mas também com crescente prevalência de doenças crónicas) em Portugal, os especialistas que compõem o think tank +Longevidade reconhecem a necessidade de melhorar a resposta preventiva destas doenças, através de uma atualização do PNV para incluir mais vacinas dirigidas a adultos e reforçar a narrativa de sensibilização dirigida especificamente a este grupo populacional.

Atualmente, o Programa Nacional de Vacinação tem 12 vacinas, das quais 11 são dirigidas a crianças e apenas 3 – COVID-19, tétano e difteria (Td), e tétano, difteria e tosse convulsa (Tdpa) – são destinadas à população adulta. Uma realidade que, de acordo com Francisco George, presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública e chairman do projeto +Longevidade, “contrasta com países em muito semelhantes ao nosso, como França e Espanha, onde existe uma estratégia clara para a vacinação do adulto”. É fundamental por isso, acrescenta, “reconhecermos que o contexto de envelhecimento crescente em Portugal traz consigo um maior risco de perda de anos de vida saudáveis, que pode e dever ser combatido com o reforço do calendário de vacinação no adulto, através da inclusão de outras soluções vacinais capazes de reduzir o impacto destas patologias na saúde da população e na resposta e disponibilidade do sistema de saúde”.

Luís Filipe Pereira, Economista, ex-Ministro da Saúde e um dos especialistas que integra este think tank, refere que “A iniciativa +Longevidade é muito importante, porque a vacinação no adulto pode prevenir várias doenças num país que tende a ser cada vez mais envelhecido – atualmente o quarto mais envelhecido em todo o mundo, e com tendência para agravar-se. É importante que haja esta percepção pública e que se defina um calendário de vacinação para a população adulta, que deve passar primeiro por uma decisão técnica e depois para uma decisão política. Prevenir será sempre mais importante do que tratar e, neste campo, a vacinação cumpre um papel muito importante”.

O Projeto +Longevidade é um think thank dedicado à vacinação no adulto, que visa refletir sobre o papel reforçado que as vacinas podem desempenhar enquanto vetor de promoção da saúde ao longo da vida e, em particular, na promoção de um envelhecimento ativo e saudável e o que pode Portugal fazer para proporcionar mais e melhor qualidade de vida, através de um reforço da prevenção primária, à sua população mais vulnerável.

PR/HN

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