“Ou se contratam profissionais de saúde ou então qualquer solução que seja adotada vai, como se costuma dizer, tapar a cabeça e destapar os pés”, defendeu Alfredo Gomes, do SEP, que disse que “a consulta aberta não é solução”.
O dirigente sindical questionou se “não há espaço para a consulta aberta dentro do edifício do hospital” de Viseu, para a “eventualidade de uma criança que necessite mesmo de urgência não tenha de andar a deslocar-se” na cidade.
A Unidade de Saúde de Viseu “tem mais de 50 enfermeiros com contratos precários” e “a solução passa por transformar estes contratos em definitivos e contratar mais” profissionais, sublinhou o responsável aos jornalistas.
“Neste momento, para que o hospital prestasse cuidados mínimos, já não digo para que cumprisse as lotações seguras da Ordem dos Enfermeiros, tinha de contratar 70 a 80 enfermeiros”, indicou.
O “problema não é novo”, mas o anúncio do fecho noturno do serviço de urgência pediátrica na Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL), a partir de 01 de junho, mobilizou os sindicatos a concentrarem-se, na manhã de hoje, à porta da instituição.
O responsável lembrou que o hospital “não abrange só o distrito, já que a unidade de Saúde da Guarda drena a pediatria para Viseu, todas as crianças que precisam de cuidados mais diferenciados”.
“Então e agora vão para onde? Para Coimbra? Sabemos que o país é pequeno, mas passamos a ter cuidados referenciados no Porto, Lisboa e Coimbra? Não é isso que queremos”, sublinhou.
Alfredo Gomes acrescentou que teme que haja mais serviços “em risco”, porque “não havendo profissionais de saúde, o caminho natural é fechar portas”, sendo que, em Viseu, no serviço de obstetrícia “há enfermeiros e médicos com horas a mais”.
“Agora é a urgência pediátrica, mas será que a seguir não há outro serviço a encerrar? Porque se não há pessoal! Temos a obstetrícia no ‘fio da navalha’, embora não queira acreditar que vá encerrar, mas a ver pelas maternidades que já fecharam pelo país”, alertou.
A título de exemplo, referiu Lamego, no norte do distrito de Viseu, onde, “há anos, começou por encerrar a pediatria, depois foi a obstetrícia, a ortopedia, a cirurgia e, agora, está lá um hospital subaproveitado com um serviço de urgência básica” e, por isso, questionou se “é isso que querem fazer a Viseu”.
Alfredo Gomes adiantou que estas preocupações fazem parte de uma carta aberta enviada aos grupos parlamentares em nome de vários sindicatos, da União dos Sindicatos de Viseu/CGTP-IN e do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos de Saúde.
LUSA/HN
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