Enfermeiros denunciam situação “explosiva” na Linha SNS 24

12 de Junho 2024

A Linha SNS 24 vive uma situação "explosiva" e, entre os enfermeiros que prestam serviço nesta linha de atendimento, já se fala em paralisação. A denúncia é feita pelo Sindicato dos Enfermeiros (SE), que teve conhecimento do caso por meio de uma exposição dos enfermeiros que ali prestam serviço, em tempo parcial.

“As denúncias que nos chegam, apontam para uma pressão constante para que se evitem chamadas em espera na Linha SNS 24, pois a empresa que gere a linha é alvo de multas quando tal acontece”, explica o presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE, Pedro Costa.

Segundo as informações enviadas ao Sindicato, e que foram ainda enviadas a todos os partidos políticos, bem como a diferentes órgãos de comunicação social, fala-se numa falta de estabilidade profissional, na forma aleatória como os turnos são atendidos, a inexistência de uma carreira profissional e uma remuneração em função do número de chamadas atendidas por hora e não tendo em conta o tempo de serviço, experiência ou sequer formação dos enfermeiros que fazem o atendimento à população na Linha SNS 24, estão entre as principais queixas recebidas.

“Pode estar em causa a qualidade do atendimento e da informação prestada aos cidadãos, pois perante a pressão exercida, muitos colegas, para não perderem tempo, deixam de fazer um apuramento mais exaustivo do estado de saúde de quem está do outro lado da linha”. Pedro Costa adianta que a pressão exercida pela empresa “está, desde logo, relacionada com o facto de existirem multas para a gestora da Linha SNS 24 caso existam chamadas em espera”.

O recente reforço de competências do 808242424 apenas veio agudizar a situação. “Muitas unidades de saúde, nomeadamente a nível hospitalar, só pretendem aceitar doentes que sejam referenciados pela Linha SNS 24”, frisa.

“A situação é muito preocupante, os relatos que nos chegam, denunciam colegas muito desgastados, sentem-se constantemente pressionados para fazerem mais turnos pela empresa privada que gere a linha”, salienta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros. “Não existindo uma carreira associada à Linha SNS 24, a maioria dos enfermeiros que ali trabalham, não tem experiência profissional, é um mero prestador de serviços, que tem emprego principal numa outra unidade de Saúde”, acrescenta Pedro Costa, que justifica este acumular de empregos com “a precariedade da profissão de enfermeiro no SNS e os baixos salários pagos, nomeadamente para quem está em início de carreira”.

Segundo as denúncias que chegaram ao SE, “os turnos são atribuídos de forma aleatória e, em condições normais, um enfermeiro pode ter 8 a 12 turnos por mês”. Contudo, salienta, a aleatoriedade desta atribuição obriga a que os próprios enfermeiros tenham, depois, de andar a trocar turnos entre si, “pois nem sempre têm disponibilidade por estar de serviço no emprego principal”.

“Há um descontentamento muito grande entre os enfermeiros que ali trabalham, e nos relatos que nos fazem, muitos já falam na possibilidade de uma paralisação, sem atender nenhuma chamada, o que, naturalmente, iria bloquear por completo a Linha SNS 24 e provocar o colapso no atendimento à população”, sustenta Pedro Costa.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros alerta o Governo para esta situação e apela “à ministra da Saúde para que, com carácter de urgência, tome medidas sobre a situação que se vive na Linha SNS 24”. “Esperamos que na próxima reunião com o Ministério da Saúde, no dia 20 de junho, tenhamos o problema circunscrito e soluções imediatas”, acrescenta. “Sabemos que os colegas fizeram chegar as denúncias à tutela, mas é urgente uma intervenção do Ministério, pois, no limite, é toda a linha que pode ficar paralisada”.

Consequentemente, alerta Pedro Costa, é o próprio atendimento nas unidades hospitalares, em particular no Serviço de Urgência, que pode ser colocado em risco uma vez que se esta paralisação avançar, “sem qualquer tipo de apoio ou resposta da Linha SNS 24, à população apenas resta a possibilidade de ir para as urgências hospitalares na esperança de serem atendidas, mas sem uma noção mínima de se o seu estado de saúde justifica, ou não, essa deslocação”. No limite, “seria o colapso de todo o SNS, ainda para mais numa altura em que muitos enfermeiros estão a entrar em período de férias e, com isso, há menos recursos humanos para o atendimento aos portugueses”, alerta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros.

PR/HN

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