Investigação premiada aborda a relação entre menopausa, microbioma intestinal e hormonas sexuais femininas

22 de Junho 2024

Uma equipa de investigação liderada por Ana Santos Almeida, do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (CARE, iMM), foi agraciada com uma bolsa da Biocodex Microbiota Foundation, no valor de 25 mil euros, para desenvolver o projeto AGEWISE. Este projeto inovador visa explorar a complexa relação entre a menopausa, o microbioma intestinal e as hormonas sexuais femininas.

Legenda da imagem: (da esquerda para a direita): Catarina Milho, Mariana Moreira, Ana S. Almeida (PI), Rita Sousa (Hospital da Luz), e André Salgado.

 

De acordo com a Ana Santos Almeida, “há estudos recentes que sugerem uma ligação entre a menopausa e a comunidade de microrganismos presentes no intestino, que desempenham um papel crucial na digestão, função imunitária e desenvolvimento cognitivo, contribuindo assim para a saúde em geral.” A investigadora destaca ainda que o microbioma intestinal desempenha um papel importante no processamento do estrogénio, afetando os níveis desta hormona no corpo da mulher, especialmente durante a menopausa. As escolhas de estilo de vida, incluindo a dieta, podem influenciar positivamente o número e tipo de bactérias intestinais, potencialmente reduzindo o risco de doenças em mulheres pós-menopausa.

“O principal objetivo do AGEWISE é utilizar algoritmos de Inteligência Artificial para analisar dados biológicos e de estilo de vida, criando um perfil de risco personalizado para doenças relacionadas com a menopausa”, revela Ana Almeida. A investigadora ressalta a importância desta fase na vida das mulheres, onde a diminuição dos níveis de estrogénio está associada a um aumento do risco de doenças crónicas, como doenças cardíacas e cancro. Através desta investigação, a equipa pretende melhorar a saúde das mulheres durante o envelhecimento, representando um passo crucial para descobertas inovadoras no apoio às mulheres durante a menopausa.

A investigação vencedora da 5.ª edição da Bolsa Nacional para Projetos de Investigação em Microbiota, atribuída pela Biocodex Microbiota Foundation, busca revolucionar a deteção precoce e a gestão das doenças relacionadas com a menopausa, desenvolvendo ferramentas inovadoras de diagnóstico por Inteligência Artificial baseadas no microbioma intestinal.

Sobre a Ana Santos Almeida

Ana Santos Almeida, PhD, é uma proeminente imunologista especializada em cancro e microbioma humano. Doutorada em Ciências da Saúde pelo Institut Pasteur, Paris, em 2012, realizou pós-doutoramento no Cold Spring Harbor Laboratory, Nova York, EUA. Em 2016, juntou-se ao laboratório do Prof. Paul O’Toole na APC Microbiome Ireland, Cork, onde recebeu vários prémios, incluindo a bolsa Marie Skłodowska-Curie. O seu trabalho avançou significativamente a compreensão do papel da microbiota intestinal humana no desenvolvimento de tumores de cólon. Entre 2021 e 2022, liderou a equipa de I&D da Tiny Health, uma startup de IA focada no microbioma intestinal de bebés. Atualmente, é Investigadora Principal do Laboratório Translacional de Microbioma em Saúde e Doenças do iMM-Care em Portugal. Recentemente, recebeu o Scientific Employment Stimulus pela National Science Foundation (FCT) e foi selecionada para liderar a missão iMM-CARE Colorectal Cancer Mission no âmbito do esquema de financiamento Widening-Teaming for Excellence da Horizon Europe.

Equipa de Investigação

O Laboratório Translacional de Microbioma na Saúde e Doença é composto por uma equipa interdisciplinar, dinâmica e colaborativa de microbiologistas clínicos, biólogos computacionais, nutricionistas e gastroenterologistas, dedicados a explorar o potencial do microbioma para revolucionar a área terapêutica do cancro colorretal. O projeto conta ainda com a colaboração da Prof.ª Ana Teresa Freitas, especialista em biologia computacional, genómica e medicina preventiva, do IST/INESC-ID.

NR/PR/HN

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