Ao prémio podem concorrer clínicos/investigadores de instituições científicas e tecnológicas portuguesas.
A microbiota – conjunto de microrganismos que habitam no nosso organismo – tem uma relação direta com a saúde. Uma microbiota saudável tem impacto no bom funcionamento do sistema digestivo, na imunidade, na síntese de vitaminas, no armazenamento de gorduras, no nosso estado emocional e em muitas outras áreas, as quais estão a ser alvo de muita investigação. Qualquer interferência, em particular nos primeiros mil dias de vida, pode impactar de forma irreparável a saúde na fase adulta. A microbiota na adolescência tem também as suas especificidades e um amplo e promissor caminho para “desbravar” em termos de investigação, como garante Gonçalo Cordeiro Ferreira, pediatra e membro do júri da Biocodex Microbiota Foundation.
“Etimologicamente, adolescência vem da junção em latim do sufixo ad (para) e da palavra alescere (crescer, desenvolver). Enfatiza, pois, o crescimento, a mudança. É o segundo período pós-natal de maior velocidade de crescimento, a seguir aos primeiros 2 anos de vida”, começa por explicar o médico.
Segundo o membro do júri, a microbiota intestinal, que se pensava estabilizada durante a segunda infância, sofre também modificações e difere da infantojuvenil e da do adulto. Salienta que estão em causa modificações que incidem, por exemplo, “em aspetos neuro-comportamentais e metabólicos, tendo como pano de fundo a profunda alteração do meio hormonal, causada pela reativação do eixo hipotálamo-hipófise-gónadas”.
Na opinião de Gonçalo Cordeiro Ferreira, “o estudo desta dinâmica (microbiota-adolescência) só agora dá os primeiros passos, muito longe do que tem sido concretizado, quer na primeira infância (do nascimento aos 2 anos), quer no adulto”. Por isso, considera o tema muito desafiador e pertinente.
“Muito há a desbravar nesta interação, como as alterações qualitativas e quantitativas da microbiota deste período etário, diferenças de género (por diferentes tipos de hormonas sexuais), relação com distúrbios do balanço energético e composição corporal (obesidade, anorexia nervosa) ou com o aumento da incidência nesta idade de doenças autoimunes ou doença inflamatória do intestino e também com as perturbações funcionais ou estruturais psicocomportamentais (eixo intestino-cérebro), remata.
Os projetos vão ser avaliados por um júri independente constituído pelos quatro membros do Comité Científico da Biocodex Microbiota Foundation em Portugal e devem ter uma duração máxima de 18 meses. O vencedor será informado pelo presidente do júri até um mês antes da concessão da bolsa de estudos.
Para obter mais informação sobre a Bolsa Nacional para Projetos de Investigação em Microbiota, consulte o regulamento e o formulário. As candidaturas devem ser enviadas, até ao dia 20 de dezembro, para o endereço de e-mail: bolsamicrobiota@biocodex.pt.
Estão também abertas, até ao próximo dia 30 de novembro, as candidaturas à Bolsa Internacional para Projetos de Investigação em Microbiota, que tem como tema a “Transformação dos ácidos biliares pela microbiota intestinal: implicações funcionais para o hospedeiro e consequências para a saúde humana”.
A esta Bolsa, no valor de 200 mil euros, podem candidatar-se, segundo o regulamento, médicos e investigadores de todos os países, incluindo de Portugal, independentemente da especialidade médica. Os projetos candidatos devem ter uma duração máxima de três anos.
PR/HN
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