Unidade de cuidados paliativos de Mafra com baixa ocupação devido a referenciações tardias

14 de Agosto 2024

A diretora da Unidade de Internamento ASFE Saúde, localizada em Mafra, alertou para a baixa taxa de ocupação da unidade de cuidados paliativos, que raramente atinge os 95%. Cristina Mendonça atribuiu este facto à referenciação tardia dos doentes para este tipo de cuidados.

Segundo a responsável, a unidade, que dispõe de 20 camas destinadas a cuidados paliativos, não conseguiu sequer atingir uma taxa de ocupação de 85% nos meses de junho e julho. Esta situação coloca em risco a sustentabilidade das unidades, uma vez que o pagamento recebido é proporcional à taxa de ocupação, enquanto os custos com os profissionais se mantêm inalterados.

Cristina Mendonça manifestou a sua surpresa perante os dados revelados no relatório da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), que indica que 48% dos doentes referenciados no ano passado para unidades de cuidados paliativos contratualizadas com o setor privado ou social morreram antes de conseguir uma vaga. A diretora considerou este número “dramático” e apelou a uma reflexão sobre a situação.

A responsável lamentou a referenciação tardia dos utentes para os cuidados paliativos e pediu mais celeridade nestes processos. De acordo com a ERS, o tempo médio de espera para uma vaga em paliativos nos convencionados do setor social e privado é de 21 dias, um período considerado excessivo por Cristina Mendonça, especialmente tendo em conta que, nos últimos dois meses, 34% dos utentes tiveram um internamento inferior a três dias, o que dificulta a prestação efetiva de cuidados paliativos.

Para fazer face a esta situação, a diretora apelou a uma maior sensibilização dos profissionais nos hospitais, para que identifiquem precocemente as necessidades de cuidados paliativos dos utentes, e a uma maior celeridade no processo de referenciação e admissão nas unidades especializadas.

A ASFE Saúde dispõe de 222 lugares em diversas tipologias, incluindo 20 em cuidados paliativos, 20 em convalescença, 98 em média duração e 84 em longa duração.

O relatório da ERS incidiu sobre as Unidades de Internamento de Cuidados Paliativos (UCP) contratualizadas com entidades do setor social ou privado, que prestam cuidados em situações de complexidade baixa a moderada. Dos utentes referenciados para estas unidades em 2023, mais de um terço (37%) foram admitidos em unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS), enquanto cerca de 48% não chegaram a ser admitidos por terem falecido antes de conseguir uma vaga.

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