Durante sua palestra, intitulada “O futuro sustentável dos sistemas de saúde, tendencialmente gratuitos ou gratuitos, em países que enfrentam dificuldades orçamentais”, o especialista destacou a importância da saúde no desenvolvimento humano e como ela deve estar no centro de todas as políticas. O especialista também mencionou os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde em diferentes continentes, ressaltando a necessidade de encontrar soluções para garantir a sustentabilidade desses sistemas.
O Professor Adalberto comentou a cobertura do sistema de saúde português por médicos de família, explicando que, embora 90% da população esteja coberta, há ainda cerca de 10% sem médico de família atribuído devido a uma questão geracional. O Professor prevê que em alguns anos a cobertura voltará a ser total.
Comparando os modelos de financiamento dos sistemas de saúde, o antigo ministro da saúde de Portugal ressaltou que o modelo alemão, baseado num seguro público financiado por empregadores e beneficiários, é mais independente das crises orçamentais, embora seja mais caro globalmente. Já o modelo português, sustentado por impostos, é mais dependente do orçamento e mais rígido em termos de emprego público. O especialista sugeriu que países como Angola poderiam considerar um modelo misto, combinando prestação direta do Estado com um seguro social público.
O Professor Adalberto também abordou o impacto do envelhecimento populacional nos custos da saúde, exemplificando com o caso do cancro de próstata. Segundo o também Professor da Escola Nacional de Saúde Pública, a despesa em saúde cresce principalmente devido à inovação tecnológica e ao aumento dos custos entre as faixas etárias de 55 a 75 anos.
O especialista destacou ainda a mudança no padrão de procura de serviços de saúde a nível mundial devido a alterações na composição social, demográfica e económica. O Professor salientou ainda os desafios enfrentados pela Clínica Girassol em Angola para responder a essa mudança, investindo no capital humano e considerando a envolvente social e económica.
O palestrante enfatizou também a forte ligação entre pobreza e doença, apontando que são as mulheres as mais afetadas, e sublinhou a necessidade de melhorar as condições de vida e reduzir as desigualdades para promover a saúde coletiva. O Professor também ressaltou a importância da equidade em saúde, através da disponibilização de recursos de forma adequada e dando mais a quem mais precisa.
Durante sua apresentação, o antigo ministro da saúde de Portugal destacou que a saúde não deve ser vista como um negócio, mas sim como um ato humano na relação entre médico e paciente. O Professor enfatizou a necessidade de ter objetivos claros nas políticas de saúde, visando melhorar os resultados e reduzir o sofrimento humano, que prejudica o desenvolvimento dos países.
O Professor Adalberto também abordou a transição entre gerações, destacando a importância dos mais velhos enquadrarem os mais novos com sabedoria e conhecimento, projetando-os para o futuro. Segundo o Professor, a sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde passa por uma maior eficiência, considerando os custos da não qualidade e da falta de recursos, e que a racionalização das estruturas e processos, bem como a coordenação e o planeamento estratégico, são essenciais.
Por fim, o especialista reconheceu a complexidade dos sistemas de saúde, que exige uma gestão cuidadosa e adaptada às realidades de cada país. Dando como exemplo Portugal, o orador afirmou que apesar de não ser um país rico, apresenta bons indicadores de saúde, mostrando que é possível fazer mais e melhor na saúde mesmo sem grandes recursos financeiros. O Professor Adalberto também destacou a importância de evitar a fragmentação nos sistemas de saúde e a necessidade de uma inteligente combinação entre os setores público, privado e social para melhorar a eficiência e sustentabilidade da saúde pública.
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