O evento, realizado no Memorial ao Trabalho Infantil – DST group, em Braga, reuniu especialistas de renome para debater a importância crucial do diagnóstico preciso na segurança dos pacientes.

A iniciativa alinha-se com o tema proposto pela Organização Mundial de Saúde para este ano: “Melhorar o Diagnóstico para a Segurança dos Doentes”, enfatizado pelo slogan “Faça-o corretamente, torne-o Seguro”.

O painel de especialistas contou com figuras proeminentes da medicina e da segurança do doente:

1. José Fragata, Médico Cirurgião, Professor Catedrático Jubilado e Presidente do Conselho Nacional – Centros Clínicos Académicos.
2. Jorge Correia-Pinto, Diretor do Serviço de Cirurgia Pediátrica da ULS de Braga e Presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
3. esponsável pelo Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho do DST group.

A moderação ficou a cargo de Paulo Gouveia, Gestor do Risco Clínico e Diretor do Serviço de Medicina Interna da ULS de Braga.

Um dos pontos-chave destacados durante a discussão foi a importância fundamental da comunicação no processo de diagnóstico. José Fragata enfatizou que a comunicação eficaz, tanto entre profissionais de saúde quanto entre médicos e pacientes, é essencial para reduzir significativamente a margem de erro nos diagnósticos clínicos.

Jorge Correia-Pinto abordou a relação entre experiência e precisão no diagnóstico, destacando que “o erro está associado à inexperiência, seja na medicina, seja na engenharia”. Ele sublinhou a importância da experiência acumulada ao longo dos anos de prática médica como um fator crucial na redução de erros de diagnóstico.

Um aspeto inovador da tertúlia foi a analogia estabelecida entre a saúde e a construção civil. Os participantes exploraram como um diagnóstico seguro na medicina é tão fundamental quanto um projeto seguro na construção civil. Paula Rodrigues exemplificou: “Enquanto responsáveis pela segurança, temos de garantir o devido acompanhamento junto das equipas, em todas as fases. No hospital, o diagnóstico surge logo na triagem e prossegue com encaminhamento do utente e eventual prescrição de receitas médicas. Na construção civil, podemos aplicar o mesmo conceito.”

A discussão também abordou como a área da saúde tem aprendido com setores aparentemente não relacionados, como a aviação e a construção civil, especialmente no que diz respeito a procedimentos de segurança. O uso de checklists de segurança, por exemplo, foi destacado como uma prática adotada da aviação que tem tido um impacto significativo na segurança cirúrgica.

Os especialistas concluíram que a segurança do diagnóstico pode ser significativamente melhorada através de:

1. Maior atenção aos fatores cognitivos
2. Automatização equilibrada de processos
3. Análise cuidadosa dos processos de saúde que podem levar a erros

Foram identificados vários fatores que podem contribuir para erros de diagnóstico, incluindo:

• Falhas de comunicação entre profissionais de saúde ou entre estes e os pacientes
• Cargas de trabalho excessivas
• Trabalho em equipa ineficaz
• Fatores cognitivos relacionados com o treino dos profissionais
• Fadiga e stress

Sílvia Oliveira, Coordenadora do Gabinete do Risco da ULS de Braga, reforçou o compromisso da instituição com a melhoria contínua: “A segurança do diagnóstico é fundamental para a qualidade dos cuidados de saúde. Reforçamos o compromisso com a melhoria contínua, assegurando que cada passo do processo de diagnóstico seja acompanhado pela segurança e pela excelência no cuidado do doente.”

O Dia Mundial da Segurança do Doente foi marcado globalmente, com várias instituições aderindo ao movimento através da iluminação das fachadas dos principais edifícios das cidades com a cor laranja, simbolizando o compromisso com a segurança dos pacientes.

Este evento em Braga destaca-se como um exemplo do esforço contínuo para melhorar a segurança dos pacientes através de diagnósticos mais precisos e seguros, sublinhando a importância da colaboração interdisciplinar e da aprendizagem contínua no campo da saúde.

PR/HN/MMM