André Ventura falava aos jornalistas numa curta pausa dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas em 2020 no Hospital de Santa Maria (Lisboa) com o medicamento Zolgensma.
“O Chega decidiu chamar novamente a esta comissão de inquérito Lacerda Sales, depois daquilo que ouvimos hoje, por entendermos que o seu testemunho é flagrantemente contraditado, flagrantemente posto em causa, flagrantemente posto em dúvida”, disse o líder do Chega, que vai pedir ainda hoje à comissão, “se necessário potestativamente, para ouvir o ex-governante.
De acordo com André Ventura, a audição da ex-secretária de Lacerda Sales mostrou que “houve uma obra do Estado”.
“Acho que ficou hoje claro com este testemunho como tivemos uma tentativa de encontrar numa funcionária do Estado um bode expiatório para aquilo que foi uma atuação política de primeira linha, irregular e ilegal”, observou.
André Ventura disse ainda que já está decidido pedir “mais esclarecimentos” ao ex-primeiro-ministro António Costa e que vá “diretamente à comissão, fisicamente,” responder aos deputados.
“A comissão parlamentar de inquérito não poderá deixar de fazer o seu trabalho”, reforçou.
Para o líder do Chega, a audição de hoje a Carla Silva revelou “a falsidade de testemunho” de Lacerda Sales em 17 de junho.
“Espero também que as autoridades, como o Ministério Público, especialmente, possam ter em conta aquilo que aconteceu e possam desenvolver as diligências que têm de desenvolver”, sublinhou.
A ex-secretária de António Lacerda Sales afirmou hoje que se sente “um bode-expiatório” no caso das gémeas luso-brasileiras, acusando o antigo secretário de Estado da Saúde de “levantar suspeições” contra si.
“Temos um ex-secretário de Estado da Saúde a negar qualquer intervenção neste caso e a levantar suspeições em relação a mim, que era secretária do gabinete, supostamente de confiança. Sim, possivelmente [sou] bode-expiatório”, criticou Carla Silva, em resposta à deputada do BE Joana Mortágua.
Carla Silva depôs hoje na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas em 2020 no Hospital de Santa Maria (Lisboa) com o medicamento Zolgensma.
A antiga secretária de Lacerda Sales foi hoje ouvida no parlamento sem exibir a sua imagem.
A audição foi transmitida, via televisão, pelo Canal Parlamento.
No intervalo do inquérito a Carla Silva, antes do início da segunda ronda, o presidente da comissão, Rui Paulo Sousa, disse aos jornalistas que os serviços da Assembleia da República disponibilizaram “dois ou três guardas da GNR” para fazer o acompanhamento da ex-secretária do ex-governante.
No final, Rui Paulo Sousa pediu desculpa a Carla Silva por as câmaras do Canal Parlamento terem gravado por breves segundos a sua imagem.
LUSA/HN
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