Tal como o ébola, o vírus de marburgo tem origem em morcegos frugívoros e propaga-se entre as pessoas através do contacto próximo com os fluidos corporais de indivíduos infetados ou com superfícies, como lençóis contaminados.
Sem tratamento, o marburgo pode ser fatal em até 88% das pessoas que adoecem com a doença.
O Ruanda, um país sem litoral na África Central, declarou um surto na passada sexta-feira e um dia depois foram registadas as primeiras seis mortes.
Até à data, foram confirmados 26 casos e oito das pessoas doentes morreram, informou o ministro ruandês da Saúde, Sabin Nsanzimana, no domingo à noite.
A população do país foi instada a evitar o contacto físico para ajudar a travar a propagação.
Foram identificadas cerca de 300 pessoas que entraram em contacto com as pessoas confirmadas como portadoras do vírus, tendo um número indeterminado delas sido colocado em instalações de isolamento.
A maioria das pessoas afetadas são profissionais de saúde em seis dos 30 distritos do país.
“Marburgo é uma doença rara”, afirmou Nsanzimana aos jornalistas. “Estamos a intensificar o rastreio de contactos e os testes para ajudar a travar a propagação”, acrescentou.
O ministro acrescentou que a origem da doença ainda não foi determinada e que uma pessoa infetada com o vírus pode demorar entre três dias e três semanas a apresentar sintomas.
Os sintomas incluem febre, dores musculares, diarreia, vómitos e, em alguns casos, morte por perda extrema de sangue.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a reforçar o seu apoio e irá trabalhar com as autoridades ruandesas para ajudar a travar a propagação da doença, disse sábado o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, através da rede social X.
A BBC noticiou em julho último o lançamento dos primeiros testes de uma vacina em humanos, para os quais os investigadores estavam à procura de 46 voluntários para receberem doses da vacina ChAdOx1 Marburg, desenvolvida pela Universidade de Oxford – o Oxford Vaccine Group.
Esta vacina está a ser financiada pelo Ministério da Saúde e Assistência Social britânico, no âmbito da Rede de Vacinas do Reino Unido (UKVN), um programa de ajuda britânico que desenvolve vacinas para doenças com potencial epidémico em países de baixo e médio rendimento.
Teresa Lambe Obe, principal investigadora no programa, citada nesse artigo, afirmou que, “ainda que os surtos do vírus de marburgo sejam historicamente pequenos, a doença mortífera começou a espalhar-se mais e o potencial para causar uma pandemia e infligir sofrimento a muitas pessoas é uma verdadeira preocupação”.
Segundo a OMS, foram registados surtos de marburgo e casos individuais na Tanzânia, Guiné Equatorial, Angola, Congo, Quénia, África do Sul, Uganda e Gana.
O vírus foi identificado pela primeira vez em 1967, depois de ter causado surtos simultâneos de doença em laboratórios de Marburgo, na Alemanha, e de Belgrado, na Sérvia. Morreram sete pessoas que foram expostas ao vírus durante a realização de investigação em macacos.
NR/HN/Lusa
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