Risco de suicídio é até 50% maior entre trabalhadores da construção civil na Suécia

6 de Outubro 2024

Os participantes do estudo que vivenciaram o suicídio de um colega descreveram-no como muito inesperado, não tendo notado sinais de que o colega se sentia em baixo ou suicida. Descreveram-no como uma experiência chocante e difícil de compreender.

Uma investigação da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, cujos resultados foram publicados na última edição do jornal PLOS One constatou que os trabalhadores da construção civil têm dificuldade em falar sobre problemas de saúde mental, e o suicídio entre colegas geralmente ocorre de forma inesperada e chocante. O estudo também estabelece uma ligação entre a dor relacionada com o trabalho e as doenças mentais neste setor.
Estudos anteriores mostraram que os trabalhadores da construção civil do sexo masculino na Suécia têm até 50% de risco aumentado de suicídio, sendo este número ainda maior em países como o Reino Unido e os Estados Unidos.
Este estudo baseou-se em entrevistas com 43 trabalhadores da construção civil, representantes sindicais e gestores da indústria da construção sueca. Os gestores foram destacados como tendo um papel importante na saúde mental dos trabalhadores. As entrevistas descreveram gestores empáticos e solidários, mas também gestores que, por exemplo, não prestavam atenção aos problemas de saúde mental dos seus funcionários.
Um dos trabalhadores da construção civil relata: “Sinalizei que não me estava a sentir no meu melhor. A resposta foi ‘vamos lidar com isso mais tarde, primeiro precisamos terminar o projeto’. Então, o próximo projeto começa.”
O estudo reforça a imagem da indústria da construção como exigente, onde o clima de trabalho em alguns locais é caracterizado por uma cultura machista e com estigmatização da doença mental. Muitos trabalhadores da construção não relatam ou procuram ajuda quando se sentem mentalmente indispostos, e alguns recorrem à automedicação com álcool e analgésicos.
Os participantes do estudo que vivenciaram o suicídio de um colega descreveram-no como muito inesperado, não tendo notado sinais de que o colega se sentia em baixo ou suicida. Descreveram-no como uma experiência chocante e difícil de compreender.
As condições de trabalho na indústria da construção foram descritas como fisicamente muito exigentes e stressantes, o que foi percebido como tendo um efeito negativo tanto na saúde física quanto mental. Os participantes do estudo relataram que as condições de trabalho exigentes muitas vezes causam dor a longo prazo, o que por sua vez pode levar a problemas de saúde mental e ao consumo excessivo de álcool e analgésicos.
Kristina Aurelius, Professora Associada da Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, afirma: “As nossas entrevistas revelaram que é necessário melhores procedimentos sobre como lidar com doenças mentais e um apoio social mais claro no local de trabalho.”

Bibliografia:
Perceptions of mental health, suicide and working conditions in the construction industry – a qualitative study
Kristina Aurelius, Mia Söderberg, Viktoria Wahlström, Margda Waern, Anthony D. LaMontagne, Maria Åberg
PLOS One
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0307433
HN/Alphagalileo

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