OPP exige ação governamental na saúde mental laboral

9 de Outubro 2024

No Dia Mundial da Saúde Mental, o Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses critica a inação governamental na implementação de políticas de promoção da saúde mental nos locais de trabalho.

No âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental, que se celebra a 10 de outubro, o Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Francisco Miranda Rodrigues, lança um alerta contundente sobre a necessidade urgente de implementar políticas efetivas de promoção da saúde mental nos locais de trabalho em Portugal.

Este ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu como tema “a saúde mental no trabalho”, realçando a importância desta questão a nível global. No entanto, segundo o Bastonário, Portugal está a falhar neste aspeto crucial.

Francisco Miranda Rodrigues critica veementemente a inação do governo, afirmando que as promessas feitas nesta área permanecem por cumprir. Ele menciona especificamente o Livro Verde do Futuro da Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado por especialistas, sobre o qual o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ainda não se pronunciou.

O Bastonário destaca também a recomendação da Direção-Geral da Saúde para incluir psicólogos nas equipas de saúde ocupacional, uma medida que ainda não foi implementada na prática. Ele apela ao governo para que “tire os relatórios das gavetas” e comece a implementar políticas que possam fazer uma diferença real na vida das pessoas.

Um ponto crítico levantado por Miranda Rodrigues é a aparente negligência da saúde mental nas negociações laborais, tanto por parte dos decisores políticos como dos empregadores e sindicatos. Ele argumenta que esta negligência não só afeta o bem-estar dos trabalhadores, mas também tem um impacto negativo na economia, citando um relatório da OPP que estima os custos anuais do stresse e problemas de saúde psicológica no trabalho em 5,3 mil milhões de euros.

O Bastonário critica ainda o Estado por não dar o exemplo em setores cruciais como o Serviço Nacional de Saúde e as escolas, onde os profissionais enfrentam descontentamento devido não só a questões financeiras, mas também à falta de reconhecimento e autonomia.

Quanto ao setor privado, Miranda Rodrigues reconhece um aumento na consciencialização sobre a importância da saúde mental, mas adverte contra o risco de “mental washing” – ações superficiais que não se traduzem em mudanças reais. Ele enfatiza a necessidade de implementar boas práticas, realizar avaliações de riscos psicossociais e desenvolver planos para mitigar esses riscos.

PR/HN/MMM

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