Uma equipa de investigadores das universidades LMU de Munique, TU de Berlim e Charité desenvolveu uma inovadora ferramenta de Inteligência Artificial (IA) que promete revolucionar o diagnóstico de doenças gastrointestinais, especialmente as mais raras.

O novo modelo, publicado no New England Journal of Medicine AI, distingue-se pela sua capacidade única de detetar patologias raras sem necessitar de treino específico para estas condições, superando uma das principais limitações dos sistemas de IA existentes na medicina.

A ferramenta baseia-se num princípio de deteção de anomalias: ao ser treinada com uma caracterização precisa de tecidos normais e doenças frequentes, consegue identificar desvios que indicam a presença de patologias menos comuns. Esta abordagem inovadora permite ultrapassar o problema tradicional da escassez de dados de treino para doenças raras.

Para desenvolver e avaliar o modelo, os investigadores utilizaram uma base de dados impressionante de 17 milhões de imagens histológicas provenientes de 5.423 casos. Os dados incluíram biópsias gastrointestinais onde as dez patologias mais comuns, incluindo gastrite crónica, representavam 90% dos casos, enquanto os restantes 10% englobavam 56 entidades patológicas diferentes, incluindo vários tipos de cancro.

O sistema demonstrou uma elevada fiabilidade na deteção de patologias raras do estômago e cólon, incluindo cancros primários raros e metástases. Uma característica particularmente útil é a capacidade de gerar mapas de calor que identificam visualmente a localização das anomalias nos tecidos analisados.

Em termos práticos, esta nova ferramenta pode automatizar o diagnóstico de 25% a 33% dos casos, focando-se em achados normais e doenças comuns. Nos casos restantes, auxilia na priorização e reduz o risco de diagnósticos falhados, representando um avanço significativo no apoio ao trabalho dos patologistas.

O Professor Frederick Klauschen, Diretor do Instituto de Patologia da LMU, sublinha que os modelos de IA anteriores funcionavam de forma semelhante a um médico que apenas conseguisse diagnosticar tosse, corrimento nasal e dor de garganta. Esta nova abordagem expande significativamente o espectro de diagnóstico possível.

NR/HN/Alphaglileo