Fármaco português pioneiro contra cancro colorretal premiado na Web Summit

19 de Novembro 2024

Investigadoras das Universidades do Minho e de Lisboa desenvolvem composto pioneiro contra mutações cancerígenas e vencem prémio internacional Basinnov Innovation Award 2024.

Um inovador composto desenvolvido em Portugal marca um avanço significativo no combate ao cancro, ao conseguir bloquear as três principais mutações do gene mais comum no cancro colorretal e pancreático. Esta descoberta revolucionária, resultado de uma década de investigação, acaba de ser distinguida com o prestigiado “Basinnov Innovation Award 2024”.

O projeto “TaMuK:Targeting Mutated KRAS”, fruto da colaboração entre investigadores portugueses e internacionais, nasceu da parceria entre o Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Universidade do Minho e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em conjunto com o Instituto de Investigações Biomédicas August Pi i Sunyer, de Barcelona.

O composto, denominado PMC79, apresenta características únicas no panorama mundial da investigação oncológica. Baseado no metal ruténio, é o primeiro conhecido a conseguir inibir especificamente três das mutações mais frequentes do gene KRAS (G12D, G12V e G13D), destacando-se particularmente por ser o único capaz de inibir a mutação G12V, mantendo intacta a proteína normal. Esta eficácia foi comprovada tanto em células cancerígenas em laboratório como em modelos animais.

A distinção, atribuída num evento paralelo à Web Summit em Lisboa, resulta de uma iniciativa conjunta da biotecnológica Basinnov Life Sciences, do Gulbenkian Institute for Molecular Medicine e da EIT Health InnoStars. O prémio, no valor de 20 mil euros, será aplicado em ensaios pré-clínicos, incluindo ainda serviços de mentoria da rede europeia de inovação em saúde EIT Health InnoStars.

Esta descoberta representa um marco particularmente significativo na investigação oncológica, considerando que o gene KRAS foi durante décadas considerado “invencível” ou “não tratável” pela comunidade científica. Embora existam atualmente alguns inibidores no mercado, estes apresentam eficácia limitada no tratamento dos cancros colorretal e do pâncreas, áreas onde o PMC79 demonstra resultados promissores.

O potencial terapêutico do composto não se limita apenas a estes tipos de cancro. As descobertas sugerem possíveis aplicações no tratamento de outros cancros que apresentem as mesmas mutações, incluindo cancro do pulmão, ovário e útero, ampliando significativamente o seu potencial impacto na oncologia.

Este desenvolvimento científico demonstra a excelência da investigação portuguesa e sublinha a importância da investigação básica no desenvolvimento de novos fármacos com potencial aplicação clínica. O reconhecimento internacional através deste prémio não só valida o trabalho desenvolvido ao longo de uma década, como também proporciona os recursos necessários para avançar para a próxima fase crucial de desenvolvimento do fármaco.

Se os ensaios pré-clínicos e clínicos que se seguirão nos próximos anos confirmarem os resultados promissores já obtidos, este composto português poderá representar um avanço significativo no tratamento de diversos tipos de cancro, oferecendo novas esperanças a milhares de pacientes em todo o mundo.

Esta descoberta reafirma ainda a capacidade das instituições científicas portuguesas para desenvolver investigação de ponta e competir ao mais alto nível no panorama científico internacional, contribuindo significativamente para o avanço da medicina oncológica global.

PR/HN/MMM

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