Dificuldades no acesso a medicamentos biológicos preocupam doentes crónicos

10 de Dezembro 2024

Debate sobre terapêuticas biológicas revela desafios no acesso e aprovação de medicamentos. Doentes e profissionais de saúde pedem mais transparência e uniformização nos processos.

A Plataforma Saúde em Diálogo realizou a segunda sessão das Innovation Talks, focada em terapêuticas biológicas, na Ordem dos Farmacêuticos em Lisboa. O evento, apoiado pela AstraZeneca, abordou as dificuldades enfrentadas por doentes crónicos no acesso a medicamentos biológicos.

Entre os principais desafios discutidos estavam as disparidades na aprovação entre hospitais devido a processos internos de avaliação, a desatualização das normas clínicas, a falta de conhecimento sobre estas terapêuticas por parte dos doentes e as dificuldades de acesso, especialmente para quem vive longe dos centros urbanos.

João Gonçalves, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, destacou a transformação que os medicamentos biológicos estão a proporcionar no tratamento de várias doenças. Ele enfatizou a importância de os doentes estarem bem informados para tomarem decisões conscientes sobre o seu tratamento.

Jaime Melancia, presidente da Plataforma Saúde em Diálogo, apontou a falta de diretrizes padronizadas nas Comissões de Farmácia e Terapêutica hospitalares como um fator de variabilidade no processo de acesso. Joana Camilo, da ADERMAP, alertou para as dificuldades específicas dos doentes com dermatite atópica, que não estão contemplados na recente portaria que determina um regime excecional de comparticipação.

Ana Parola, farmacêutica hospitalar, reconheceu o “vazio legal” para certos doentes, enquanto Armando Alcobia, da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica, explicou que o objetivo é incorporar a inovação conciliando com os medicamentos existentes.
Luis Cunha Miranda, do Colégio da Especialidade de Reumatologia da Ordem dos Médicos, defendeu uma melhor avaliação da inovação e uma abordagem centrada no doente.

Helena Farinha, da Direção Executiva do SNS, encerrou a sessão apelando a uma maior literacia em saúde e à procura de modelos de financiamento mais sustentáveis, reconhecendo que ainda existe uma “desconfiança generalizada” quanto às terapêuticas biológicas.

As Innovation Talks visam promover o debate entre doentes e profissionais do setor sobre temas relacionados com a inovação em saúde, defendendo os interesses e direitos das pessoas que vivem com doença.

PR/HN/MMM

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