Crise no Hospital Amadora-Sintra: Demissão em massa de cirurgiões

22 de Janeiro 2025

Dez cirurgiões do Hospital Fernando Fonseca demitiram-se devido a assédio laboral, comprometendo cuidados cirúrgicos para 500 mil habitantes. Mais de mil consultas foram canceladas e a formação em cirurgia geral foi suspensa, agravando a crise no serviço.

O Hospital Fernando Fonseca, também conhecido como Hospital Amadora-Sintra, enfrenta uma grave crise no seu serviço de cirurgia geral. Dez cirurgiões apresentaram a sua demissão em bloco, numa reação a uma situação de assédio laboral alegadamente perpetrada por dois médicos do serviço, um dos quais era o antigo diretor.

Esta saída em massa de profissionais teve consequências imediatas e significativas. Mais de mil consultas foram canceladas sem previsão de nova data, afetando inclusive o acompanhamento de doentes oncológicos. A situação é particularmente preocupante considerando que o Hospital Amadora-Sintra serve uma população de cerca de 500 mil habitantes, que agora se veem privados de cuidados cirúrgicos essenciais.

O impacto estende-se também à formação médica. A Ordem dos Médicos retirou a idoneidade formativa ao serviço de cirurgia geral, o que resultou na saída imediata de dez médicos internos de Formação Específica e dos internos de Formação Geral para outras unidades de saúde. Esta perda de capacidade formativa agrava ainda mais as dificuldades na fixação de médicos cirurgiões, tornando a reconstrução da equipa um desafio ainda maior.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) condenou veementemente o assédio laboral praticado, que gerou um ambiente de instabilidade e limitou o exercício profissional de toda uma equipa. A federação criticou a inação do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora/Sintra e do Ministério da Saúde, que não intervieram de forma eficaz para resolver o problema, apesar das repetidas denúncias.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) também se pronunciou sobre a situação, expressando preocupação com a falta de assistência cirúrgica numa área populacional tão vasta. O secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, alertou para a sobrecarga que esta situação irá causar em outros hospitais da região, que terão de absorver os doentes que não podem ser atendidos no Amadora-Sintra.

A FNAM exige agora uma resposta imediata e concreta por parte do Ministério da Saúde, liderado por Ana Paula Martins. A federação insiste que não se pode continuar a desvalorizar situações e denúncias de assédio laboral no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Além disso, apela à criação de condições de trabalho dignas para fixar médicos no SNS, particularmente na ULS Amadora/Sintra.

NR/HN/MM

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