Dirigentes do Sindicato dos Médicos da Zona Sul Demitem-se em Protesto por “Desvio Partidário”

29 de Janeiro 2025

Seis membros da Direção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul demitiram-se, denunciando a "erosão de práticas democráticas", alinhamento com agendas partidárias e gestão opaca, incluindo tentativas de alterações estatutárias ilegais. Exigem eleições urgentes

Seis membros da Direção do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) apresentaram demissão coletiva, num comunicado datado de 27 de janeiro de 2025, acusando a atual liderança de desviar o organismo de sua missão representativa para interesses político-partidários. Os signatários — Dobrila Nikolić, Guida da Ponte, Luís Cadinha, Mário Jorge Neves, Sofia Neves e Zita Gameiro — enumeraram 16 pontos críticos que justificam a ruptura, destacando a “destruição” de normas democráticas internas.

Nos últimos três anos, segundo o documento, práticas como a elaboração de atas, a divulgação de documentos ministeriais e a discussão coletiva de contrapropostas foram abandonadas. Decisões passaram a ser tomadas por um “restrito número de dirigentes”, com opiniões divergentes marginalizadas e alvo de “campanhas de hostilização”. A intervenção do sindicato, afirmam, deixou de priorizar os interesses dos médicos, subjugando-se a “estruturas partidárias”, com recursos financeiros direcionados para figuras ligadas a essas agendas.

Um dos episódios mais graves citados é a tentativa de implementar o voto eletrónico exclusivo sem aprovação estatutária. Apesar de uma Assembleia Geral não ter alcançado quórum para deliberar, alterações foram enviadas ao Ministério do Trabalho, num ato classificado como “golpe anti-estatutário”. O processo, detetado como ilegal, seguiu para o Ministério Público.

Criticam ainda a estratégia “maximalista” da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) — da qual o SMZS faz parte —, que teria banalizado greves sem resultados negociais e recusado diálogo com o anterior governo, apenas para depois exigir a aplicação de um acordo considerado “mau” aos associados. Esta incoerência, alegam, revela dependência de “agendas externas”.

Os demissionários exigem eleições urgentes no SMZS, colocando aos associados a escolha entre “redinamizar a atividade sindical” ou “constituir uma comissão liquidatária”. Alertam que o isolacionismo e a fragmentação da unidade médica facilitam políticas governamentais contra o SNS e a classe. A demissão coletiva reflete o clima de crise num sindicato outrora marcado pelo pluralismo, agora acusado de trair os princípios que o fundaram.

PR/HN/MM

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