Ex-funcionário do IPO de Coimbra julgado por desvio de dinheiro de pacientes

29 de Janeiro 2025

Um ex-funcionário do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra vai ser julgado na próxima quinta-feira, acusado de desviar dinheiro de utentes e de solicitar montantes para interceder em favor de doentes dentro da instituição.

O arguido, de 41 anos, trabalhou como assistente operacional no IPO desde 2006 até julho de 2023, altura em que deixou a instituição após enfrentar vários processos disciplinares, incluindo um que propunha o seu despedimento por justa causa.

O Ministério Público acusa o ex-funcionário de um crime de peculato e outro de corrupção passiva, alegando que os factos ocorreram a partir de 2019. Segundo a acusação, o arguido desenvolveu uma compulsão por jogo e apostas desportivas, particularmente na plataforma Placard, o que o levou a acumular dívidas e dificuldades financeiras para sustentar o seu agregado familiar, composto pela esposa e um filho.

Para lidar com as suas dificuldades económicas, o arguido terá começado a furtar dinheiro de utentes que se deslocavam ao serviço de imagiologia para realizar exames. Aproveitava o momento em que os pacientes estavam na sala de exames para remexer os seus pertences e subtrair bens e valores. De acordo com o Ministério Público, pelo menos sete utentes foram lesados entre 2019 e 2023, resultando num prejuízo total de 390 euros.

Adicionalmente, o antigo funcionário responde também por um episódio em que solicitou cerca de 500 euros a uma utente e ao seu marido, residentes em Castelo Branco, alegando que conseguiria antecipar uma cirurgia necessária para a mulher.

Em mensagens trocadas via WhatsApp, o arguido assegurava que a cunha estava colocada, mas admitia que “nem com cunha anda muito mais rápido”. Dos 500 euros solicitados, permaneciam ainda em dívida 100 euros à data da acusação.

Durante as investigações, foram encontradas no seu automóvel, em março de 2023, anotações sobre as dívidas que teria acumulado. A acusação refere ainda que, devido à sua situação financeira, entre 2018 e 2022, o arguido vendeu vários objetos de ouro e prata, incluindo a sua própria aliança de casamento.

Numa das mensagens enviadas ao casal de Castelo Branco, o ex-funcionário do IPO admitiu estar “desesperado” e reiterou o pedido de dinheiro.

O julgamento tem início na quinta-feira, às 09:30.

NR/HN

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