Gordura muscular aumenta risco de doença cardíaca grave

2 de Fevereiro 2025

Estudo revela que acúmulo de gordura nos músculos eleva em 7% o risco de problemas cardíacos graves a cada 1% de aumento, independentemente do índice de massa corporal. Descoberta pode mudar abordagem na avaliação de risco cardiovascular.

Uma investigação pioneira liderada pela Professora Viviany Taqueti, da Universidade de Harvard, revelou que pessoas com acúmulo de gordura nos músculos têm maior risco de morrer ou ser hospitalizadas devido a ataques cardíacos ou insuficiência cardíaca, independentemente do seu índice de massa corporal (IMC). O estudo, publicado no European Heart Journal, analisou 669 pacientes com uma idade média de 63 anos, maioritariamente mulheres.

Os investigadores utilizaram exames de PET/CT cardíaco para avaliar a função cardíaca e analisaram a composição corporal dos pacientes, medindo as quantidades e localização de gordura e músculo numa secção do torso. Para quantificar a gordura armazenada nos músculos, calcularam a “fração de músculo gorduroso”.

Os resultados mostraram que, para cada aumento de 1% na fração de músculo gorduroso, havia um aumento de 2% no risco de disfunção microvascular coronária (DMC) e um aumento de 7% no risco de futuros problemas cardíacos graves, independentemente de outros fatores de risco conhecidos e do IMC.

As pessoas com níveis elevados de gordura intermuscular e evidência de DMC apresentaram um risco particularmente elevado de morte, ataque cardíaco e insuficiência cardíaca. Por outro lado, indivíduos com maior quantidade de músculo magro tinham um risco menor. A gordura armazenada sob a pele (gordura subcutânea) não aumentou o risco.

A Professora Taqueti explicou que, em comparação com a gordura subcutânea, a gordura armazenada nos músculos pode estar a contribuir para a inflamação e alteração do metabolismo da glicose, levando à resistência à insulina e à síndrome metabólica. Por sua vez, estes insultos crónicos podem causar danos nos vasos sanguíneos, incluindo os que alimentam o coração, e no próprio músculo cardíaco.

Esta descoberta fornece uma nova forma de identificar pessoas com alto risco, independentemente do seu IMC, o que pode ser particularmente importante para compreender os efeitos na saúde cardíaca das terapias modificadoras de gordura e músculo, incluindo a nova classe de agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon.

Os investigadores estão agora a avaliar o impacto de estratégias de tratamento, incluindo exercício, nutrição, medicamentos para perda de peso ou cirurgia, na composição corporal e na doença cardíaca metabólica.

Bibliografia: ‘Skeletal muscle adiposity, coronary microvascular dysfunction, and adverse cardiovascular outcomes’, by A.C. do A.H. Souza et al, European Heart Journal, doi: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehae827.

HN

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