Decorreu na Aula Magna da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa a cerimónia de entrega do Prémio Bial de Medicina Clínica 2024, que tem como objetivo “galardoar uma obra intelectual, original, de índole médica, com tema livre e dirigida à prática clínica, que represente um trabalho com resultados de grande qualidade e relevância”.
Nesta edição, as duas menções honrosas, no valor de 10 mil euros cada, foram entregues a dois projetos de investigação na área da Oftalmologia.
Segundo Pedro Meneres, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, “estas distinções pelo Prémio BIAL a projetos de investigação em oftalmologia são um reconhecimento do elevado nível científico e da inovação dos investigadores portugueses. Estes estudos não só vão contribuir para o avanço do conhecimento clínico, mas também terão um impacto na qualidade de vida dos doentes”.
A primeira foi atribuída ao projeto “Centro de Rastreio e Exame Ocular com Recursos de Inteligência Artificial”, dos autores Luís Abegão Pinto, Joana Tavares Ferreira e Quirina Tavares Ferreira, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, apresenta uma abordagem inovadora para a deteção de doenças oculares, como glaucoma e retinopatia diabética, através do recurso à Inteligência Artificial. Utilizando uma simples fotografia, o sistema consegue identificar sinais precoces dessas patologias, permitindo um encaminhamento rápido e eficiente para tratamento especializado.
Denominado de SEER – Screening & Eye Examination Centre using AI resources, este projeto alcançou uma taxa de 90% de eficácia na deteção de doenças oculares, podendo vir a contribuir para diagnósticos mais precoces e tratamentos mais eficazes, trazendo também para o sistema de saúde um elevado potencial de custo-benefício.
Depois de avançar no Hospital Pulido Valente como modelo piloto, a sua expansão a nível nacional poderá transformar o acesso a cuidados oftalmológicos, nomeadamente em regiões com menor cobertura médica e, em simultâneo, aliviar a pressão sobre os serviços de saúde.
A segunda distinção foi para o trabalho “Degenerescência Macular da Idade – A Primeira Causa de Cegueira Irreversível em Portugal”, dos investigadores José Paulo Andrade e Ângela Carneiro, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e da Unidade Local de Saúde de São João, que estuda o impacto da degenerescência macular da idade (DMI) na população portuguesa.
O estudo destaca que a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo o consumo regular de frutas, vegetais e peixe, aliado à prática de exercício físico, pode desempenhar um papel protetor na saúde ocular. Por outro lado, evidencia a importância de evitar hábitos prejudiciais, como o tabagismo, e reforça a necessidade de intervenção precoce por meio de rastreios regulares. Esta abordagem integrada pode contribuir para reduzir significativamente os casos de cegueira irreversível associados à doença.
Para melhorar a resposta, os investigadores sugerem também um modelo integrado de cooperação entre cuidados de saúde primários e oftalmologistas, com o objetivo de acelerar tanto o diagnóstico quanto o tratamento da DMI.
NR/PR/HN
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