A saúde oral é um dos pilares fundamentais do bem-estar geral, influenciando diretamente a qualidade de vida, a autoestima e a prevenção de diversas doenças. Em Portugal, no entanto, os indicadores nesta área continuam preocupantes, refletindo uma necessidade urgente de mudança nos hábitos dos portugueses. Problemas como a cárie dentária, a doença periodontal e a perda precoce de dentes são altamente prevalentes, indicando que muitas pessoas ainda negligenciam os cuidados diários e o acompanhamento odontológico regular.
Estudos revelam que uma parte significativa da população portuguesa só procura o dentista quando já enfrenta dores ou complicações graves. Segundo dados da Ordem dos Médicos Dentistas, cerca de um terço dos portugueses não realiza consultas de medicina dentárias regulares. Esta realidade está diretamente ligada a fatores económicos, culturais e também ao desconhecimento sobre a importância da prevenção.
O Sistema Nacional de Saúde tem vindo a implementar medidas para melhorar o acesso à saúde oral, como o Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral e os cheques-dentista. No entanto, esses esforços ainda não são suficientes para cobrir toda a população de forma eficaz, especialmente adultos e idosos, que muitas vezes enfrentam barreiras financeiras para obter tratamentos dentários.
A doença periodontal é uma das principais causas da perda dentária em adultos, causada pela acumulação de placa bacteriana e tártaro, levando à inflamação das gengivas (gengivite) e, se não tratada, evoluindo para periodontite. A periodontite afeta os tecidos de suporte dos dentes, provocando a reabsorção óssea e, eventualmente, a mobilidade e perda dos dentes. Além disso, pesquisas indicam que a doença periodontal está associada a complicações sistémicas, como doenças cardiovasculares e diabetes.
A perda precoce de dentes impacta não apenas a mastigação e a digestão, mas também a fonação e a aparência, afetando significativamente a autoestima e a qualidade de vida. Além disso, a ausência de dentes pode levar à reabsorção óssea e a alterações na estrutura facial. A prevenção através da higiene oral adequada e visitas regulares ao dentista é essencial para evitar estas complicações.
A educação em saúde oral deve ser uma prioridade desde a infância. Hábitos como a escovagem correta dos dentes, pelo menos duas vezes ao dia, o uso do fio dentário e visitas regulares ao dentista são essenciais para evitar problemas futuros.
A adoção de uma alimentação equilibrada também tem um papel crucial na prevenção de doenças dentárias. O consumo excessivo de açúcar e alimentos ácidos favorece a formação de cáries e outros problemas orais. Por isso, é necessário sensibilizar a população sobre a importância de uma dieta saudável aliada à boa higiene oral.
Para que haja uma mudança significativa, é fundamental que as entidades de saúde reforcem as campanhas de conscientização e ampliem os programas de prevenção. É necessário aumentar a acessibilidade aos cuidados dentários, seja através da inclusão de mais serviços no Sistema Nacional de Saúde, seja pelo apoio direto do estado no acesso às unidades particulares de saúde.
As escolas também desempenham um papel importante na formação de hábitos saudáveis. Programas educativos que ensinem crianças sobre higiene oral podem gerar impacto positivo a longo prazo, criando uma geração mais consciente e cuidada em relação à saúde dentária.
A saúde oral, em Portugal, ainda enfrenta desafios consideráveis, mas mudanças nos hábitos da população podem reverter este cenário. Com educação, prevenção e um sistema de saúde mais acessível, é possível reduzir os índices de doenças orais e melhorar a qualidade de vida dos portugueses. A mudança precisa ser coletiva, envolvendo indivíduos, profissionais de saúde e políticas públicas eficazes.
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