Alberto de la Rosa, Presidente do Grupo Ribera Salud, entidade que gere a única PPP actualmente a funcionar em Portugal, o Hospital de Cascais, foi um dos oradores destacados no Cascais International Health Forum 2025, que está a decorrer no Estoril, onde abordou os desafios e soluções para o financiamento e a sustentabilidade dos sistemas de saúde. A sua intervenção centrou-se na necessidade de reformas estruturais que garantam a equidade, a eficiência e a sustentabilidade a longo prazo dos sistemas de saúde, tanto em Portugal como a nível global.
De la Rosa começou por partilhar a sua experiência pessoal, referindo que tem sido frequentemente convidado por instituições públicas, governos e universidades para partilhar a sua visão sobre a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Esta experiência permitiu-lhe conhecer realidades de diversos países, como o Reino Unido, Portugal e os Estados Unidos, onde se observa uma tendência comum: a necessidade de reformas nos sistemas nacionais de saúde.
Segundo o Presidente do Grupo Ribera Salud, estas reformas têm três objetivos principais: criar sistemas de saúde baseados na equidade, proporcionar aos cidadãos os melhores serviços de saúde e garantir que estes serviços sejam justos e sustentáveis a longo prazo. Para alcançar estes objetivos, é essencial que os governos definam claramente as metas que pretendem atingir, especialmente quando envolvem o setor privado como parceiro na implementação de programas de reforma.
De la Rosa destacou a importância de alinhar os incentivos e objetivos entre o setor público e o privado, sublinhando que a flexibilidade e a capacidade de inovação do setor privado podem ser determinantes para o sucesso destas reformas. Um dos modelos de financiamento que defende é o modelo de capitação, que, na sua opinião, pode ser uma ferramenta importante para a transformação dos sistemas de saúde. Este modelo combina a perspetiva de um segurador, que procura manter os cidadãos saudáveis, com a de um prestador de serviços, que visa oferecer os melhores cuidados de saúde.
No entanto, o modelo de capitação tradicional precisa de ser redesenhado para se adaptar às necessidades atuais, incorporando uma abordagem mais inovadora e com incentivos adequados para alcançar os resultados de saúde definidos pelos governos. De la Rosa referiu que o seu grupo tem sido pioneiro na implementação deste tipo de modelos, destacando quatro ideias-chave: parcerias público-privadas, integração avançada dos cuidados de saúde, modelos de gestão da saúde da população e o uso de tecnologia e redes para melhorar a prestação de serviços.
A integração dos cuidados de saúde é, segundo o orador, a base para fornecer um serviço eficiente e centrado no paciente. É fundamental eliminar as barreiras administrativas que ainda persistem e adaptar os sistemas de saúde a uma sociedade envelhecida, que necessita de cuidados contínuos em diferentes níveis, desde os cuidados primários até aos hospitais e serviços sociais. A tecnologia desempenha um papel crucial nesta transformação, facilitando a comunicação entre profissionais e pacientes e permitindo uma nova forma de relacionamento.
De la Rosa enfatizou ainda a importância dos profissionais de saúde neste processo de mudança, afirmando que, sem o seu alinhamento, qualquer reforma estará condenada ao fracasso. Os cidadãos e os cuidadores devem estar no centro do sistema, e é essencial integrar todas as áreas que rodeiam a saúde, desde os cuidados médicos até aos serviços sociais, para garantir um modelo financeiro que alinhe todos os intervenientes.
A tecnologia, segundo o Presidente do Grupo Ribera Salud, permite desenvolver novas estratégias focadas em pequenos grupos populacionais homogéneos, utilizando programas de gestão da saúde da população baseados em dados e indicadores como idade, custos e frequência de utilização dos serviços de saúde. Esta abordagem permite desenhar estratégias específicas para cada grupo, com o objetivo de melhorar o estado de saúde geral da população.
De la Rosa concluiu a sua intervenção destacando que estamos no início de uma revolução que transformará a forma como os cuidados de saúde são prestados. A inteligência artificial (IA) e outras tecnologias emergentes trarão novos papéis e perfis profissionais, como analistas de dados, especialistas em IA e profissionais de medicina colaborativa. O setor público e o privado terão de trabalhar em conjunto, e os cidadãos assumirão um papel mais ativo na gestão da sua própria saúde.
HN/MM
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