Risco genético da esquizofrenia pode ter origem na placenta, revela estudo

23 de Março 2025

Um estudo internacional liderado pela UPV/EHU e Biobizkaia descobriu que parte do risco genético para esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão major está ligado a modificações epigenéticas na placenta. Publicado na Nature Communications, o trabalho abre caminho para estratégias preventivas pré-natais.

Legenda da imagem: Dr. Fernández-Jiménez, Dr. Cilleros-Portet and Dr. Bilbao

Uma equipa internacional, liderada pelo Laboratório de Investigação em Imunogenética (IRLab) da Universidade do País Basco (UPV/EHU) e pelo Instituto de Investigação em Saúde Biobizkaia, revelou que alterações epigenéticas na placenta, especialmente na metilação do DNA, estão associadas ao risco de desenvolver esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão major. O estudo, publicado a 20 de março de 2025 na revista Nature Communications, contou com a colaboração de 28 investigadores de 18 instituições da Europa e Estados Unidos, coordenado pela professora Nora Fernandez-Jimenez (UPV/EHU e Biobizkaia) e com Ariadna Cilleros-Portet como primeira autora.

A investigação demonstrou que a placenta é um elemento chave no desenvolvimento neuropsiquiátrico, atuando como mediadora de riscos genéticos durante a fase pré-natal. A metilação do DNA — processo químico que regula a expressão genética sem alterar a sequência do DNA — mostrou-se particularmente relevante. Este mecanismo, influenciado por fatores genéticos e ambientais (como dieta ou stress), afeta genes ligados a transtornos psiquiátricos.

Entre os resultados, destacou-se a forte associação entre a metilação placentária e a esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão major. Condições como autismo ou défice de atenção (ADHD) apresentaram ligações mais ténues, enquanto outras patologias analisadas não revelaram efeitos significativos. Segundo Fernandez-Jimenez, estes dados reforçam a origem neurodesenvolvimental destes transtornos e o papel central da placenta no processo.

As implicações clínicas são promissoras: identificar marcadores epigenéticos na placenta durante a gravidez poderá permitir intervenções precoces, como ajustes terapêuticos ou estratégias preventivas personalizadas. Cilleros-Portet, agora investigadora no Hospital Mount Sinai (Nova Iorque), sublinha que esta abordagem pode antecipar tratamentos antes do surgimento de sintomas. Além disso, compreender o momento e local de ação dos fatores genéticos é crucial para decisões terapêuticas, já que alguns genes podem atuar apenas em fases pré-natais.

O estudo, desenvolvido no IRLab sob coordenação de José Ramón Bilbao, representa um avanço significativo na compreensão das bases biológicas de transtornos psiquiátricos, abrindo novas perspetivas para a deteção precoce e o desenvolvimento de terapias mais eficazes.

NR/HN/Alphagalileo

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