“Cientistas criam ‘sementes’ proteicas que replicam características patológicas da ELA e demência frontotemporal

29 de Março 2025

Investigadores desenvolveram fragmentos proteicos que induzem a acumulação da proteína TDP-43 em células humanas, replicando características-chave da esclerose lateral amiotrófica (ELA) e demência frontotemporal. Este avanço permite estudar os mecanismos de neurodegeneração e testar potenciais terapias.

Cientistas da Universidade de Leuven, na Bélgica, alcançaram um marco significativo na investigação de doenças neurodegenerativas como a esclerose lateral amiotrófica (ELA) e a demência frontotemporal. Numa descoberta revelada a 28 de março de 2025, os investigadores conseguiram criar “sementes” proteicas em laboratório que desencadeiam características patológicas cruciais destas doenças.

A equipa, liderada pela professora Sandrine Da Cruz do Centro VIB-KU Leuven para Investigação do Cérebro e Doenças, focou-se na proteína TDP-43, conhecida por desempenhar um papel fundamental nestas patologias. Em condições normais, a TDP-43 é essencial para regular a expressão genética e as respostas ao stress celular. No entanto, em pacientes com ELA e demência frontotemporal, esta proteína acumula-se de forma anormal no citoplasma das células nervosas, formando inclusões insolúveis.

O estudo, publicado na prestigiada revista científica Neuron, descreve como os cientistas produziram fibrilas semelhantes a amiloides a partir de um fragmento da TDP-43. Estas fibrilas, quando introduzidas em células humanas, incluindo neurónios derivados de células estaminais pluripotentes induzidas (iPSC), desencadearam a patologia típica da TDP-43.

Os agregados induzidos por estas fibrilas exibiram muitas das modificações observadas nos cérebros de pacientes, incluindo fosforilação e ubiquitinação. Surpreendentemente, os agregados foram capazes de recrutar a TDP-43 endógena do núcleo para o citoplasma, replicando assim um aspeto crucial da doença.

Esta descoberta fornece evidências adicionais para um paradigma semelhante ao dos priões, no qual a agregação de proteínas ocorre de forma modelada. Os resultados sugerem fortemente que a patologia nas proteinopatias TDP-43 se propaga de maneira auto-modeladora e semelhante a priões.

O avanço é particularmente significativo porque oferece aos investigadores uma ferramenta poderosa para modelar e estudar os mecanismos que impulsionam a neurodegeneração. O novo modelo desenvolvido exibe ambos os aspetos da patologia TDP-43 – agregação citoplasmática e depleção nuclear – tornando-se um recurso valioso para cientistas em todo o mundo.

A professora Da Cruz enfatiza a importância desta descoberta: “Desenvolvemos um modelo valioso que apresenta ambos os aspetos da patologia TDP-43. Isto será um recurso poderoso para ajudar investigadores em todo o mundo a desvendar ainda mais os mecanismos de doença induzidos pela TDP-43 e permitir-nos-á rastrear potenciais candidatos a medicamentos que modifiquem a progressão da doença.”

NR/HN/Alphagalileo29

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